E se eu me isolasse?

Acredito piamente que o fato de nascermos rodeados de pessoas e de sermos introduzidos em um mundo que já possui uma longa história de descobertas, culturas diferentes e formas distintas de interpretar as realidades, tudo isso são um indicativo de que não devemos nos isolar das pessoas na vida! Dependemos de pessoas ao nascer, dependemos de pessoas para nos desenvolver e dependemos de pessoas para nos sepultar.

Embora hajam momentos na vida em que o isolamento proposital é um ótimo exercício para reflexão, meditação, introspecção e avaliação pessoal, por outro lado, não há desenvolvimento do ser, do caráter, sem um envolvimento real e profundo com as pessoas que nos cercam. Não falo de “coleguismo”, de “oi e tchau”, falo de relacionamentos significativos. É justamente na dinâmica dos relacionamentos que o meu caráter é forjado, que aprendo a ser paciente, a perdoar, a lidar com o contraditório, com o diferente, com as críticas, elogios, com as crises e todas as situações que a vida traz.

O mundo é múltiplo, é complexo, a vida possui muitos ângulos de vista e não é possível interpretá-la adequadamente sem se expor ao outro, sem se lançar no exercício de ouvir, de perguntar, de querer saber, sem se tornar um caminhante aprendiz humilde que busca captar a essência da experiência dos que se lançaram na mesma busca.

Você quer começar a viver de verdade? Ame e se deixe ser amado. Você quer dar o primeiro passo na direção de uma existência com mais qualidade? Confie em pessoas, aprenda a perdoar quem lhe traiu, tenha confidentes e seja um confidente. Quer dar profundidade ás suas percepções? Se exponha à dança, à poesia, à música, às artes a tudo o que de bom o ser humano pode produzir.

Agora, você pode também decidir morrer em vida, se “zumbificar”, se dessignificar, basta se isolar, se tornar o dono da verdade, assumir para si a afirmativa e a prerrogativa do “eu não preciso de ninguém”. Pobre daquele que decidiu trilhar tal caminho! Ah, se eu me isolasse?! O que seria de mim?! Seria o mais miserável de todos os homens, pois a vida é vazia sem amigos, ela não faz sentido sem corações entrelaçados, sem almas que dão as mãos e decidem caminhar juntas aprendendo enquanto acerta e erra.

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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Você é uma pessoa aberta às relações? Você realmente busca aprofundar suas amizades, ou elas não passam dos estágios da superficialidade? Com quem você está na jornada da vida de mãos dadas?

6 comentários sobre “E se eu me isolasse?

  1. Mais um texto cujas ideias compartilho. Lendo os primeiros parágrafos, me lembrei de um princípio na Linguística e Análise do Discurso, que diz que o meu discurso é moldado a partir do meu interlocutor. Nobque se refere ao nosso ser, não é diferente como você escreveu. Somos moldados a partir dos outros, e melhorados muuuuita vezes. Agradeço pelo texto e indicação. Gostei demais. Parabéns, Rodrigo. Tens aqui um grande admirador.

    1. Puxa, que legal o seu comentário, acrescentou ao tema, e fico pensando: quão desafiador é saber que somos moldados e também moldamos a sociedade; há a possibilidade de nos piorarmos e também de piorarmos a vida comunitária… Por isso, faz-se necessário uma boa gestão das influências que recebemos! Abraço amigo…

  2. Amei! Estamos na era da individualidade, da banalidade, nas quais, alguns não conseguem estabelecer vínculos. É um desafio as indagações contidas na quarta estrofe: queremos viver de verdade? Considero que sim, mas desaprendemos essa prática e nos habituamos a sobreviver escondidos sob uma couraça…Grata pelo texto Rodrigo! Boa noite.

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