Foram 22 dias de uma leitura apaixonante! As 260 páginas de “Êxtase em Transformação” de Stefan Zweig me fizeram querer mais, uma continuação, uma trilogia quem sabe, se não fosse pela triste constatação de que ele e sua esposa se suicidaram em 1942, na cidade de Petrópolis RJ.

Em sua carta de despedida, ele escreveu: “A cada dia fui aprendendo a amar mais e mais este país, e em nenhum outro lugar eu poderia ter reconstruído por completo a minha vida, justo quando o mundo de minha própria língua se acabou para mim e meu lar espiritual, a Europa, se autoaniquila, […] Saúdo todos os meus amigos! Que ainda possam ver a aurora após a longa noite! Eu, demasiado impaciente, vou-me embora antes”.

A história do livro é sobre Christine, moradora da Áustria, em tempos marcados pelas trágicas consequências da guerra. Até seus 28 anos só conhecera o luto, a pobreza, a monotonia, a escravidão em vida de uma existência sem sentido, repetitiva, ausente de significados que façam as dificuldades valerem a pena.

Até que recebe um convite de uma tia rica, distante, para passar as férias num hotel de luxo. Essa experiência é para ela como um choque reanimador, fazendo-a provar em poucos dias, daquilo que jamais viveram em todos os anos de sua vida. É como se uma nova Christine nascesse e aparecesse. Mas, essa realidade não dura muito! Em pouco tempo ela teve que voltar ao calabouço existencial de sua realidade social.

Não sei o que é pior: viver a vida toda na miséria, contando cada centavo, ou viver a experiência de ter tudo por um momento e depois perder, estando sentenciado à desgraça. Esse é o sentimento que conduz Christine na parte final do livro. Ela conheceu um jovem rapaz sobrevivente da guerra com quem pode compartilhar de suas angústias, novas reflexões são feitas sobre a vida e novas expectativas acendem a luz outrora apagada.

Dei as melhores notas possíveis ao livro e recomendo a todos!

Ficha Técnica:

Ano: 1987
Páginas: 260
Editora Companhia das Letras