Algumas pessoas nutrem certas expectativas acerca da gente que não representam a possibilidade real, dentro da nossa condição atual e, tampouco, condiz com o caminho que decidimos percorrer na vida. Nesses casos, não absorva tais projeções, não seja uma pessoa completamente diferente dos seus ideais e valores só para agradar ou atender as demandas de quem quer que seja. Esteja aberto a falar e pensar sempre sobre o assunto e, também, a explicar suficientemente o porquê de você pensar da forma como pensa, mas não tenha medo de frustrar o outro nas expectativas irreais que este possui. É normal a gente mudar na vida, mas não é desejável mudar sem reflexão, só para se inserir em um grupo, só pra ser bem visto, só pra desfrutar de certas benesses. Quem nos ama de verdade sabe respeitar nosso espaço e ter paciência nas questões que entendem precisar de transformação.

A traição conjugal acontece quando, apesar de haver um compromisso com uma determinada pessoa (seja por palavra ou por papel assinado), você permanece aberto a novas possibilidades de relacionamento na vigência do compromisso supracitado, permitindo que certos limites sejam ultrapassados, que certas intimidades aconteçam e que certas aproximações ocorram com total liberdade. Infidelidade não é inerente nem ao homem, muito menos à mulher, é uma questão de caráter! Ela também não pode ser justificada culturalmente, como se fosse normal e aceitável. Ninguém é obrigado a firmar acordos relacionais com o outro, mas quando o faz, deve-se cumprir, custe o que custar. Trair o outro é trair a si mesmo, é trair a própria dignidade, é trair a história construída, é trair o compromisso do amor. É possível ser perdoado de uma traição, mas é impossível não sofrer as duras consequências internas e externas de tal ação. Ninguém sai ileso quando decide ser infiel, ainda que não seja descoberto.

Embora não procure me ferir, eu acolho as cicatrizes da vida como importantes para mim. São elas que me preparam para novos desafios, vem delas a experiência que preciso pra encontrar a sabedoria na hora da tomada de decisão. Aprendo com o erro dos outros, mas aprendo muito mais com as consequências das minhas próprias decisões. Aprendo o que quero e o que não quero ser, o que preciso mudar e o que preciso manter e aperfeiçoar. Aprendo a me superar e a superar o mal que vem de fora. Aprendo o momento de abraçar, de me aproximar, de me entregar ao outro, mas também a hora certa de me afastar, de dar espaço ao outro e deixá-lo partir quando necessário.

Quando se sentir muito angustiado e as lágrimas forem inevitáveis, peça um abraço ao seu amigo mais próximo, sem medo, sem resistência, peito com peito, braços firmes, gesto sem pressa, pra descarregar um pouco. A gente não aguenta tudo mesmo, não somos máquinas insensíveis e blindadas do estresse. É impressionante como ações simples como essa são capazes de nos dar nova força pra seguir em frente lutando. Como diz o texto bíblico: “O amigo ama em todos os momentos; é um irmão na adversidade”. Pobre daquele cujas amizades não permitem tal intimidade, amizades de porcelana, só de aparência, só para conversas fúteis, sem consistência, sem presença significativa nos momentos mais difíceis e cruciais da vida.

Como é difícil desacelerar quando estamos transbordando de ansiedade, preocupação e de péssimas expectativas acerca do futuro. A gente dorme mal, se alimenta correndo, ocupa o tempo de forma automática, fala em excesso, vê a vida passar diante dos próprios olhos sem ter forças pra parar, retomar e reorientar a direção da vida. Desacelerar passa por várias decisões conscientes, dentre as quais podemos citar: se desconectar da internet por um tempo, procurar atividades que demoram mais para serem realizadas, tomar um banho sem pressa, deitar na cama mais cedo, respirar fundo, pôr uma música tranquila de fundo e, principalmente, orar até conseguir descansar e confiar no cuidado de Deus que não nos desampara independentemente do que aconteça na vida.

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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