Pensamentos Aleatórios #21

Quando há um vínculo de amor entre seres humanos, o encontro é natural, essencial, sem esforço, sem segundas intenções, é na prática o verdadeiro encontro-igreja, pois tal unidade não provém de um modelo ou proposta externa, não é um comportamento fabricado por exigências religiosas, não é fruto de constrangimento e obrigação. Quem ama se movimenta na direção do outro naturalmente e esse encontro é poderosamente curador!

O que a sua mão direita faz, a esquerda não fique sabendo. Essa recomendação é uma forma de Jesus nos curar da nossa tentativa de associar o nosso valor próprio à opinião das pessoas. Quando contamos o que fizemos de bom aos outros, estamos reforçando uma imagem acerca de quem somos, para ganharmos reconhecimento, aplausos, respeito, ou seja, para recebermos benefícios secundários. Já quem faz em secreto está sob o olhar do Pai, e isso, para quem confia no Pai, já é o bastante!

Quando começamos a nos comparar com os outros, passamos a enxergar a generosidade de Deus como sendo injustiça. Achamos que, porque fomos chamados para trabalhar na “vinha” de manhãzinha pelo salário de 1 denário, é injusto o dono da vinha dar ao outro que começou a trabalhar às 5 da tarde o mesmo salário. A generosidade do Pai nos incomoda muito, especialmente quando ela alcança quem nós jamais alcançaríamos.

Todos nós passamos por fases, ciclos, estações e momentos de reorganização dos pensamentos. Às vezes adotamos um pensamento polarizado, extremista, e até nos tornamos militantes de determinadas causas que com o passar dos anos a experiência e nossas frustrações vão nos ajudando a reencontrar um caminho mais equilibrado. Em contrapartida, há causas, pensamentos e valores que uma vez abandonados se instaura em nós a doença da acomodação e do culto a zona de conforto. Que cada um de nós vejamos bem onde pisamos os nossos pés afim de que não nos percamos do caminho da sanidade!

A forma religiosa de tratar a vida está tão enraizada na gente, que mesmo admitindo que o conceito do “2 ou 3 reunidos em torno de Jesus” é verdadeiro, temos imensa dificuldade em enxergar encontros humanos singelos e simplificados como tendo, de fato, a realidade da presença de Jesus. No fundo no fundo, nos sentimos desconfortáveis e como se alguma coisa faltasse se o encontro não tiver um templo, uma liturgia conhecida, alguém nos conduzindo, tempo pré-determinado pra isso e pra aquilo, estrutura institucional segundo as nossas convenções. O mais interessante é constatar que o jeito de viver de Jesus e o modo de ser das primeiras comunidades em nada se pareciam com aquilo que hoje se tornou “fundamental” pra nós.

Me perguntam sempre: O que fazer caso um grupo do evangelho que se reúne numa casa cresça e não haja mais espaço? Alugar ou comprar um salão não se torna inevitável? R: Embora não veja problema algum em alugar ou comprar um salão (quando é um desejo comunitário e não um projeto particular seu), você já pensou na possibilidade de se multiplicarem para que hajam 2 grupos ao invés de um? Há muitas maneiras de lidar com as demandas quando elas se apresentam, por isso não reduza o evangelho a um formato exclusivo.

A vida tem seus altos e baixos, bons e maus momentos, motivos para sorrir e para chorar, alegrias e tristezas. Em que vamos focar nossa atenção determinará a tônica das nossas palavras e da nossa forma de encarar a vida, se haverá raiva e amargura ou se haverá gratidão e esperança. No mundo teremos todos muitas aflições e desilusões, mas precisamos nos animar, aquele que nos habita venceu o mundo!

Por que ir atrás de confusão, de brigas, de desentendimentos se a gente pode viver em paz?

Quando não nos encaixamos mais nas expectativas das pessoas do universo religioso, em geral, somos rotulados de hereges, desviados, lobos, maldosos, extremistas, arrogantes, espiritualmente falidos etc. Como lidar com isso? Amando, perdoando, entendendo que cada um vive numa determinada fase de compreensão e consciência. A revolta, a troca de ofensa, rotular os rotuladores não ajudam em nada e não cumprem com o que Jesus ensinou: “amem os vossos inimigos e orem pelos que vos perseguem”.

Jesus disse: “E indo por todo mundo pregue o evangelho a toda criatura, batizando…” Nós dizemos que pregar o evangelho a toda criatura é um mandamento a todos, já na hora de batizar, só os “maiores da hierarquia religiosa” podem realizar? Jesus falou duas coisas para dois grupos distintos ou duas coisas para o mesmo grupo de discípulos?

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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