Jacó, que significa enganador, é o nome do filho de Isaque que agarrou o seu irmão gêmeo pelo calcanhar, antes de nascer. Seus pais tiveram a percepção de que desde o ventre, o menino já tentava enganar o outro e por isso esse nome lhe foi apropriado. A princípio era apenas uma questão entre irmãos, pra ver quem era o melhor. Quem nunca brigou com um irmão? Ciúmes, inveja, disputas, coisa bem comum em casa de muitos filhos.

Jacó, utilizando-se da fome do irmão, conseguiu arrancar dele o direito de primogenitura. Perspicaz, malandro, sabia muito bem como criar o ambiente adequado e se aproveitar dele para se beneficiar. Parece que ele herdou isso de sua mãe Rebeca. Não à toa, ela viu que seu filho predileto iria ser deixado de lado na benção de Isaque, criou um plano para enganar seu marido, envolveu Jacó nessa armação e mais uma vez Jacó rouba Esaú seu irmão, dessa vez, de forma definitiva.

Isso semeou ódio no coração de Esaú, que planejava matá-lo. Jacó fugiu para a casa de Labão seu tio e começou a colher daquilo que sempre plantou: foi enganado e sofreu terríveis consequências. Primeiro, ele nunca mais veria sua mãe outra vez. Segundo, foi enganado por Labão tendo que trabalhar o dobro do que havia combinado inicialmente.

Parece que na vida é assim. Quem engana, uma hora ou outra acaba sendo enganado. Quem quer tirar vantagem do outro, acaba sendo prejudicado. Quem é Jacó, de Jacó será ferido. Jacó teve que descobrir essa realidade da pior forma possível, até que na linguagem bíblica “lutou com Deus”, foi ferido na perna e teve seu nome e sua identidade mudada pra sempre. Israel se tornou, pois Jacó não lhe era mais apropriado.

Todo Jacó precisa se tornar um Israel (homem que luta com Deus). Pois, no processo da “luta” com Deus não há como enganá-lo, fugir da verdade ou não dá para não se enxergar. Foi nesse processo que ele foi ferido não apenas na sua coxa, mas também no seu ego, na sua ideia de auto-suficiência, de que sabia todas as técnicas para alavancar o próprio sucesso independentemente do estado daqueles que ele enganaria no caminho.

Jacó precisa aprender que na vida, todo aquele que existe contra o amor está acumulando sobre si tempo perdido, tempo de péssimas semeaduras e que ao seu próprio tempo haverá de colher as consequências de tal investimento. A misericórdia de Deus pode impedir que o resultado disso não seja mortal, que aquilo tudo não seja outra coisa senão um aprendizado importante pra vida, mas se eu pudesse dar um conselho a Jacó seria esse: se você tem consciência do enganador que você é, aproveite a oportunidade de, hoje mesmo, ter a experiência de um novo caminho a partir do arrependimento. Antes que seja tarde de mais e o preço seja muito caro!

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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