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Larguei a religião…

Larguei a religião e toda forma sistematizada ou metódica de se achegar a Deus. René Descartes que me perdoe, mas embora seja louvável sua tentativa de provar a existência de Deus através de seus métodos, acabei me dando conta de que provar não é a questão, mas “enxergá-lo”.

Sim, pois a prova da existência de Deus tem relação com a fé e não o que é tangível, palpável, experimentado, provado ou mensurado (Hebreus 11). Portanto o provar não cabe a nós, isso acontece a partir do momento em que se depara com a benção do “enxergar”, não de forma concreta, mas em tudo o que existe através dEle.

Passei a enxergar a Deus nas pessoas que a todo instante externam em suas ações diárias, o amor de Deus para com os famintos, enfermos, desabrigados, órfãos e viúvas (isso sem mencionar a totalidade da criação). Que dessa forma cultuam a Deus da maneira mais pura e sincera, sem achar que Deus é um direito exclusivo de um grupo especifico de pessoas.

Larguei a religião ou qualquer forma de culto pragmático que o homem desenvolveu como sendo o modelo da vontade de Deus, baseado em suas convicções. Larguei seus ritos, misticismos e deixei com eles suas resignações. “Larguei toda a forma de buscar uma aceitação por algo que eu fazia e o nome que construí”, larguei a mim mesmo.

Me desvencilhei de todo esforço para se achegar a Deus, parei de tentar provar que eu era digno e entendi que a graça fez isso por mim por um ato de amor que não me coube entender, mas aceitar. Como diz certo homem de Deus: durma com esse barulho ecoando na sua cabeça.

Aprendi que não é por méritos e nem por obras, mas unicamente pela fé que se agrada a Deus e se “obtém” a salvação. Que as boas obras são um caminho natural daqueles que vivem em amor, pois fomos criados para que andássemos nelas (Efésios 2:10).

Desconstruí qualquer tentativa preconceituosa ou avaliativa de julgar os meus paradoxalmente “diferentes semelhantes”, pois para Deus importa que eu os ame como a mim mesmo, em cuidado, atenção e compreensão. Quem os convence do erro não sou eu, mas o Espírito Santo, o próprio Consolador (João 14:8), mas “pregue, se preciso for, use palavras” (São Francisco de Assis).

Compreendi que o “culto a Deus é cultuar a vida” nas variadas formas e complexidades de tudo o que existe a nossa volta. Pois se seus olhos forem bons, todo seu corpo será bom e isso tem a ver com a capacidade de discernir as coisas que estão a sua frente, o que é conveniente, que edifica, o que contribui e o que produz vida, o que for antagônico a isso, é descartável.

E nessa vida, cada dia tenho largado mais de mim pelo caminho. Mais do meu egoísmo, minha altivez, soberba e meu achismo, tudo aquilo que me afasta de uma vida livre, nEle. E principalmente, deixado para trás toda tentativa de ser perfeito, firme de que embora muitas vezes eu não compreenda, Deus é quem me aperfeiçoa (Filipenses 1:6).

Refletindo um pouco mais, percebo que tudo tem a ver com a ação de negar a si mesmo…

Luiz Cesar Peixoto
luizcesarpeixoto@outlook.com
https://luizcesarpeixoto.wordpress.com/

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