Desde o inicio da vida
Aprendi que deveria obedecer,
Ser exemplo, assumir responsabilidades
Atender a certas expectativas sociais
Seja da família, das pessoas ao redor
E, pouco a pouco, fui me tornando mais exigente comigo mesmo
O fiscalizador mais cruel de mim mesmo
Fui meu maior crítico com padrões elevados
Me reprovava veementemente
Me enchia de culpa e vergonha
Enquanto vivia ciclos viciosos que iam
Da expectativa irreal à frustração profunda
Da idealização ao confronto com a realidade
Mas, uma pergunta passou a gritar dentro de mim:
“Quem sou eu, sem essa necessidade de aprovação?”
Aprofundando essa pergunta, surgem outras perguntas:
“Se não houvesse ninguém conhecido ao meu redor, quem eu seria?”
“Se eu pudesse fazer uma escolha sem influências externas, o que escolheria?”
Depois de muitos anos, indo na direção dessas expectativas
Surge o momento em que você fica só consigo mesmo
E tem a oportunidade de escolher livremente o próximo passo
E sabe o que geralmente fazemos? Procuramos a opinião alheia.
Percebemos que estamos presos, que se criou uma dependência social
Temos medo de bater as asas e voar com liberdade
A verdadeira autonomia de ser fica podada pelas nossas inseguranças
De maneira que só nos desvencilhamos disso por uma decisão corajosa e radical
A decisão de se buscar, de se encontrar, por si mesmos
De se conhecer sem medo, e se o medo surgir, prosseguir mesmo assim
Até as últimas consequências; e elas são belíssimas.
Como disse o poeta: “Nada a temer senão o correr da luta”.
Esse é o único medo que não podemos perder: o medo de desistir de nos buscar.

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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