Na busca por um relacionamento amoroso, existem valores que precisam ser inegociáveis, por fazerem parte da sua essência, da maturidade adquirida com o tempo, que são as tais compatibilidades necessárias. No meu caso, por exemplo, dificilmente me relacionaria com alguém que não gosta de estudar e aprender (em busca de evolução pessoal), nem com uma pessoa rasa no diálogo, extremamente apegada a coisas materiais, que não valorizasse a empatia, a generosidade, o amor e as coisas simples da vida. Por ser um cuidador de pessoas, um pastor, precisa ser alguém sem ciúmes excessivo e que fica feliz com a evolução e o bom encaminhamento do outro. Há várias características que são adaptáveis e requerem um certo jogo de cintura, mas há essas que pra mim são imprescindíveis e insubstituíveis.
Uma pessoa que é superficial, obtusa, ignorante, que não tem autoconhecimento e que não reflete sobre a vida, sofre menos por estar alienada, alheia e sem percepção da realidade. Alguns, por causa disso, poderiam dizer: a ignorância é uma benção! Em certo sentido sim, porém existe um outro lado dessa moeda: a ignorância algema, limita a evolução, te deixa a mercê do efeito manada, dos fluxos da maioria, te torna extremamente manipulável. Daí cabe uma escolha: o conforto de uma ignorância que te torna um “feliz” alienado ou o desconforto de aprendizados que te tornam alguém crítico, insatisfeito com certas realidades, mas autônomo na vida.
Um dos paradoxos com o qual eu convivo é que os meus maiores tesouros não cabem em uma foto. São significados que carrego no coração, que norteiam minha existência e que aprendi com Jesus. Por fora, o corpo envelhece e morre aos poucos, mas por dentro é constante renovação.
Lido com as redes sociais desde quando elas foram criadas, gosto de usá-las para promover boas reflexões, conexões, trocas de experiências, diálogos, tento aproveitar o lado bom disso tudo. Tenho milhares de experiências lindas nesse contexto para compartilhar. Mas, não há nada comparado à presencialidade, ao calor humano, a uma refeição compartilhada ao redor de uma mesa, a um abraço dado com carinho, a um olhar que não pode ser desfeito com um clique. Gosto do virtual, mas gosto muito mais do presencial!
Aderir a uma religião ou a um conjunto de dogmas não representa mais o meu caminho na vida. Ser um discípulo de Jesus é mais do que o bastante!
Para seguir em frente é preciso se reconciliar com o nosso passado. Isso não significa ignorá-lo, fingir sua inexistência, nem mesmo viver num estado mórbido de “gratidão” pela violência e caos desnecessários que sofremos. Se reconciliar com o passado é, antes de tudo, tomar ciência daquilo que o passado nos afetou, tanto positivamente quanto negativamente, perdoar a nós mesmos pelas escolhas erradas que tomamos, perdoar os maldosos envolvidos nas dores do nosso passado do mesmo jeito que Jesus perdoou seu crucificadores (por não saberem o que estavam fazendo) e se permitir olhar pra frente, pra uma nova experiência com a vida que não será, necessariamente, a repetição do que já aconteceu no passado.
Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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