Duas horas da madrugada e o sono não vem. Não vem porque os pensamentos são mais fortes, a realidade se impõe sobre a vontade de descansar. As lágrimas não param de aparecer, numa espécie de luto, como numa rua sem saída fácil. Virar à esquerda significa sofrer, virar à direita significa sofrer. Pra onde virar? Qual é o próximo passo?
Por onde quer que percorram os meus pensamentos, carregam consigo sangue e angústia. Meu espírito definha dentro de mim, adoece como que tomado por um sufocamento crônico, enquanto ajunto as forças que não pareço ter pra tomar decisões que exigem coragem e fé.
Sinto-me só, por um lado, acompanhado, por outro. De forma que nem um, nem outro me define nesse momento. A solidão acompanhada, como prefiro chamar, está me impedindo de ficar fora do eixo por muito tempo. Acabo de ouvir uma oração em meu favor. Quatro minutos de afago pra uma dor que não parece ser passiva de afagar. Mas, me fez bem!
Assim, nessa noite em claro fica mais do que claro, que nessa difícil arte de lidar com a vida, o choro e o carinho, às vezes caminham juntos, por mais que gostaria que fosse diferente.
Que o salmista me perdoe a ousadia de pretender ampliar seus horizontes, porém mesmo assim me ponho a dizer que: o choro pode durar uma noite inteira, mas o carinho e o consolo, podem aparecer de madrugada pedindo espaço; e esse espaço ocupado muda a nossa percepção da dor. Talvez seja por isso que a alegria chegue pela manhã: pois o choro foi tratado com a graça do carinho e do consolo.
Hora de dormir com dor e consolo.
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