Do que são feitos os nossos julgamentos sobre as pessoas ao nosso redor? Quais são as fundamentações, as bases das nossas análises? Temos sempre a preocupação de sermos justos em nossas ponderações? Até que ponto a pressa tem nos consumido, fazendo que nossa boca seja um fluxo irreflexível e irresponsável? As coisas que as pessoas dizem por aí sobre o outro é o único conteúdo relevante para o nosso veredito final? O quão rápido e fácil é nossa disposição em estigmatizar o nosso próximo? Um único fato define uma pessoa? Estar chateado com alguém é o suficiente pra massacrá-lo pelas costas? Ter várias pessoas dizendo a mesma coisa é um fato insofismável pra concluir algo verdadeiro sobre alguém? Façamos o seguinte exercício mental, se tivéssemos o poder de voltar ao tempo de Jesus e conversássemos com um grupo de fariseus, qual seria a opinião deles a respeito de Jesus? Baseado nessas opiniões seria possível chegar ao conhecimento da verdade sobre Jesus? Certamente não!
Lidar com rotulações e julgamentos alheios é um dos maiores desafios da nossa vida. A maioria de nós faz o possível para não ser mal interpretado, pra comunicar bem aquilo que nos move na vida, mas isso não impede que recebamos os mais diversos tipos de análise a nosso respeito. Certa vez, quando Jesus perguntou aos seus discípulos a respeito da opinião das pessoas sobre ele, recebeu a seguinte resposta: “Uns dizem que és João Batista; outros, que és Elias; outros ainda acham que algum dos antigos profetas ressuscitou”. Impressionante! Todas as opiniões sobre Jesus estavam equivocadas, ainda que sinceramente equivocadas. Cada pessoa utiliza-se das próprias crenças, expectativas, da própria visão de mundo e oferece às circunstâncias uma análise que é fruto do alcance que a própria lógica conseguiu atingir. Isso mostra claramente que: nem sempre o que dizemos sobre alguém realmente fala sobre esse alguém, boa parte das coisas que dizemos falam de nós, nossas vivências, nossa identidade e os critérios que decidimos utilizar pra analisar.
Saber disso é simplesmente libertador!
Isso me faz ter extremo cuidado quando estou lidando com o universo do outro ao analisá-lo (em situações que a circunstância realmente requer isso de mim). Esse é o verdadeiro sentido do “não julgueis” de Jesus, pois os mesmos critérios que usamos pra julgar o próximo serão igualmente utilizados para nos julgar. Precipitação no julgamento sempre leva a uma conclusão equivocada. Vivemos em um tempo onde sites de notícias comunicam uma “acusação”, um “processo”, uma “investigação” e a conclusão lógica de boa parte dos leitores é de que “se a pessoa está sendo acusada com certeza é culpada”. Esses mesmos sites de notícias, boa parte das vezes, não noticiam quando o julgamento inocenta o investigado, dando ainda mais a impressão de que o objetivo daquela veiculação tinha como objetivo ferir a reputação do acusado.
Durante a minha história de vida fui rotulado socialmente em várias situações diferentes. Rótulos são quase sempre imprecisos, parciais e limitados pra representar uma realidade. Mesmo assim, eu não recebi apenas rótulos injustos e imprecisos; confesso que em alguns momentos da vida dei todas as razões para ser chamado de chato, arrogante, egoísta, narcisista, preconceituoso, precipitado, fanático, fariseu, hipócrita, imaturo, inconsequente, hedonista, dentre outros. Rótulos que mereci! Todas essas coisas me habitam e, sempre que permito, elas vêem à tona com um poder imenso de gerar morte e desencontro. Esse é o momento ideal pra repetir: rótulos são quase sempre imprecisos, parciais e limitados! Já fui todas essas coisas, mas nunca representaram o todo da minha existência. Sou responsável por cada um dos males que já cometi na vida, mas nenhum deles fazem parte da direção do meu caminho fundamental na vida. Sempre vasculho minha mente e meu coração para procurar me apartar desses males e caminhar o mais próximo possível do caminho proposto por Jesus. Sou um homem miserável à procura de graça e salvação.
Houve uma fatídica semana em que o julgamento alheio mais me feriu internamente: na ocasião em que decidi não mais caminhar dentro do contexto religioso em que fazia parte há mais de 10 anos, ambiente para o qual dediquei boa parte do vigor da minha juventude (dos 17 aos 27 anos). Foi como cortar o terceiro cordão umbilical. Não mais fazer parte daquela denominação me transformou de homem de Deus em um herege como que num passe de mágica. Pessoas que eu considerava minhas amigas orientavam outros a não mais me ouvirem pois, segundo elas, eu havia me desviado da fé em Jesus. É como se um espírito maligno tivesse se apossado de mim e apartir de agora, tudo o que eu dissesse traria condenação a quem ouvisse e praticasse. Nenhum desses amigos quis ouvir minhas razões, nem o processo de transformação do meu pensamento. Escolheram o caminho mais fácil: o de excluir, romper a amizade e evitar o contato a todo custo. Em minha cabeça, embora não fizesse mais parte daquele ambiente religioso, as amizades construídas seriam as mesmas a partir do respeito e do amor. Ledo engano! As diferenças são respeitadas apenas quando são convenientes ao grupo. Depois de tentar fazer contato com muitos amigos e ser ignorado todas as vezes, cheguei à conclusão que não importava o que eu fizesse naquele momento, ao decidir não mais congregar naquele espaço estava decidindo também romper as amizades que pareciam verdadeiras até aquele momento. Assim se seguiu nos anos seguintes.
Quantas feridas um rótulo pode causar em um ser humano?
Quais são as consequências psicológicas de um estigma social sobre quem o obtém?
Ignorar o rótulo e seguir a vida é relativamente fácil de se fazer, difícil (ou talvez impossível) é tentar se relacionar bem com quem decidiu que você seria um dos diabos de sua história!
Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz Lidando com os Rótulos Sociais
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