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Me parece que grande parte equívoco da cristandade nos últimos séculos gira em torno da má compreensão do que seja verdadeiramente a GRAÇA. O Caminho (que é Jesus) é da Graça, é cheio de Graça, é Graça sobre Graça! “Aquele que é a Palavra tornou-se carne e viveu entre nós. Vimos a sua glória, glória como do Unigênito vindo do Pai, cheio de graça e de verdade”. João 1:14
Quando a compreensão da Graça se desvirtua da retidão do seu caminho, a gente abre as portas para toda sorte de autojustificação e, em relação aos outros, vivemos da presunção de querer nos assentar na cadeira do Supremo Juiz, só que sem a Justiça que provém de Seu Amor. A Graça então se transforma em um termo esvaziado, que enfeita os discursos, porém sem nunca realizar o fruto de sua real manifestação. É graça na palavra, mas não na ação. É graça como acessório na falação, mas não como visceralidade no trato cotidiano para com o próximo. A Graça se transforma em desgraça, pois estabelece um vício relacional de barganhas sem fim.

Nós destruímos a Graça (como consciência pacificadora) quando passamos a fazer barganhas com Deus e com o próximo. Com Deus, barganhamos querendo ser aprovados pela via do nosso comportamento moral, nos fazendo merecedores de Sua “graça”. Que trajédia! Com o próximo, barganhamos exigindo dele total enquadramento pra que seja digno de nosso amor, nossa companhia, nosso bem-querer, nossa atenção cheia de bondade. Nos tornamos esse “deus de barganhas” para o outro e o resultado é “inferno”!
A consciência da Graça é o que me dá tranquilidade para enxergar minhas fraquezas sem me sentir destruído, mas antes amparado por Deus em sua infinita misericórdia e Graça. Só dá pra dizer que “quando sou fraco aí é que sou forte” a partir dessa consciência. De outra forma, a nossa fraqueza seria o gatilho das dores mais profundas e infernais provenientes da culpa e da neurose pra com Deus e assim, teríamos medo da luz, por causa das nossas más obras. Esse tipo de relacionamento com Deus jamais traria paz, e muito menos paz que excede todo entendimento.
Vale afirmar nesse inicio de reflexão que a Graça é justamente a razão preponderante através da qual nós podemos nos relacionar em harmonia com Deus, mesmo na relatividade dos nossos pensamentos e ações. A Graça é reconciliadora, é mantenedora do universo, é o que sempre fez a ponte do caminho dos homens até Deus (mesmo quando eles não o sabiam). A Graça, portanto, nunca deveria ser um tema departamentalizado da teologia, pois antes de tudo ela é a fundamentação de tudo o que quer que exista no universo, visto que o que Deus é, Ele o é em Graça e tudo foi feito a partir dessa mesma Graça.
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A mente cauterizada é aquela que não consegue experimentar conversões diárias. Se converteu uma vez ao cristianismo e passou a viver como cristão histórico e não como um discípulo renascido.
A graça que escorre da boca e vira prato sem suculência na boca dos neurotizados pela culpa, sempre vai ser um adereço cristão daqueles que buscam barganhar com Deus e com o próximo , sem graça de Deus, mas apenas com o rótulo, com a palavra, com o discurso des-graçado, que lança sobre o outro os fardos esmagantes da religião de Caim e da teologia indigesta de causa e efeito … A Graça é tudo, é culto, é louvor, é vida, é trato com a natureza, é Deus na cara do próximo…
Quase-graça… Esse é o evangelho que conheci minha vida quase toda (até agora, né? ainda tenho muita vida pela frente rsrs)
É uma neurose constante de culpa, medo e insegurança, com pequenos momentos de refrigério, paz e graça durante um momento de louvor, ou uma pregação ou outra mais recheada com mensagem de graça. Mas depois voltava todo o peso novamente, ora Quase-Lei / ora Quase-Graça.
Considero tudo que aprendi como adubo (esterco hehe), para encontrar agora o evangelho da Graça (não a quase-Graça), em Cristo.
É o que venho chorado a sua Graça me basta ,
Linda leitura , me fez regozijar , agradecer , e fazer um re- exame como fala na leitura ,
Que mesmo na graça que é o favor imerecido
Me pego em pensamentos ingratos ,
E logo penso, em um louvor ou uma situação na qual o Senhor me ajudou , uma pregação.
Estou em constante aprendizado , e sigo na ânsia de busca a atualização da palavra de hoje
Conhecer quem somos e a quem seguimos nos livra do medo, da culpa, da neurose.
É tanto amor que não consigo imaginar e nem mensurar.
A Graça do Pai é a garantia do elo de amor entre o Pai e a humanidade.
Graça salvadora do Senhor Jesus Cristo venha até nós por meio da fé a fé que foi revelada na cruz isso sem barganhas a fazer. Por causa da Graça e do amor nos não precisamos A B ou C. De fato o amor da tua graça nos basta.
Sempre me senti diferente dentro da igreja presbiteriana, mas como filha de presbítero não era de bom tom questionar muito. Minha vida era um livro de contabilidade onde o débito com relação a Deus era eterno. A culpa e a hipocrisia reinavam num lugar onde “todo mundo faz, mas finge que não faz enquanto todo mundo vê mas finge que não vê”. Depois de ler A Genealogia da Moral de Nietzsche, que não era filho de presbítero mas vinha de uma dinastia de pastores, algumas coisas começaram a fazer sentido mas outras tantas dúvidas apareceram. Muita terapia, leituras e tentativas de auto medicação existencial, enfim hoje sou uma desigrejada. E que bom saber que não sou a única, que coisa boa poder ler sobre essa graça que me faz sentir leve e autêntica. Meu livro não é mais de contabilidade, cheio de linhas e colunas a serem preenchidas e sim um simples caderno de desenho cheio de folhas brancas a serem preenchidas com tinta e lápis de cor. Obrigada reverendo Caio Fábio.
Puxa, Ana, não sou o Caio, mas louvo a Deus pela sua experiência de fé. Encaminharei esse comentário a ele. Força na caminhada e conte comigo.