O meu melhor – Martha Medeiros – Dia 4

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Você, eu e nossos amigos

Ah, o famoso paradoxo das redes sociais cheias de amigos perfeitos! Sempre quisemos causar boas impressões perante os desavisados, o que as redes sociais fizeram foi oportunizar a construção dessa personalidade quase canônica, que carece de boa dose de honestidade, eu diria “falta um tempero de humanidade”. É justamente essa descrição celestial que fizemos de nós mesmos nas redes uma das coisas que impedem que as amizades sejam profundas e verdadeiras nos mares da internet. O sorriso quase nunca dá lugar ao choro, a afirmação categórica quase nunca dá lugar ao arrependimento, a verdade quase nunca sobrepõe nossa vontade de fingir. Em casa é diferente, no trabalho é diferente, especialmente no secreto é diferente!

A Moça do Carro Azul

A angústia não escolhe data, o mal não espera a próxima temporada, nem mesmo a dor é adiada por termos que cumprir certas tarefas. Tudo acontece quando tudo acontece. A saudade do amigo que faleceu aparece quando menos esperamos, a má notícia não respeita nem o sono completar o seu ciclo, a dificuldade não espera você ter todos os recursos e estamos como “a moça do carro azul”: fazendo nosso “corre” e expressando nossa dor. O tal do “já vai passar” podia ser uma consciência de que tal situação era temporária, tanto quanto podia ser a admissão de que aquilo já foi e já voltou tantas vezes que o ciclo se tornou óbvio e interminável; mas sendo um ou o outro, o “já vai passar” é a admissão de que “não é pra sempre” e “não vai acabar daquele jeito”.

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5 comentários sobre “O meu melhor – Martha Medeiros – Dia 4

  1. Quem somos nós no mais íntimo? Com certeza alguém diferente dos perfis digitais. O real da vida habita nos nossos corações, e nenhuma tecnologia seria capaz de oferecer estrutura computacional capaz de edificar e transmitir o nosso Ser. Sendo assim, sejamos nós mesmos, todos os dias, onde estivermos.

  2. Muitas vezes com o coração sangrando, e ainda coloco o sorriso no rosto nas redes sociais.
    A moça no carro azul
    A saudade da perda do meu pai , mãe e 3 irmãs as vezes aparece do nada a dor o pânico que me rodeia. Está moça expressa a dor ,que as vezes me assola.
    Mas busco a presença do Pai celestial que me ampara.

  3. Me lembrei do poema de Álvaro Campis (Fernando Pessoa) : Poema em linha reta, escrito em 19… e bolinha… O poema todo já falava sobre isso… Um trecho:
    ‘…Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
    Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
    Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
    Não. São todos o Ideal, se os oiço e me falam.
    Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
    Ó príncipes, meus irmãos,
    arre, estou farto de semideuses!
    Onde é que há gente no mundo?’…

  4. Me atrasei um dia na leitura. Estou atualizando hoje. Estou amando a leitura das crônicas da Martha. É uma leitura leve, rápida e sempre com uma mensagem pra gente refletir. Obrigado, Rodrigo.

  5. Às vezes eu percebo assim do que adianta os nossos dois mil ou três mil amigos nas redes sociais se nós estamos tão desconectados do mundo da realidade. A vida é uma só e ou nos conectamos com nós e o outro ou cairemos em profunda desgraça.

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