Escritas pra Vida #5 – Lucas Lujan

Ele disse adeus e fechou a porta. Ana perdeu a vista e parou de enxergar os seus sonhos. É isso que acontece com quem confunde entregar o olhar com entregar os olhos. Ana queria que fosse um relato de prova de amor. É só um relato de cegueira.

Não me jure amor eterno, só me ame até o fim do dia. E repita o mesmo amanhã. Entre a abstração do para sempre e a concretude do hoje, eu só quero que volte para jantar.

Tanta pressa sem perceber o que é realmente urgente. Tanta meta sem entender onde realmente se quer chegar. Tanta luta onde ninguém precisa realmente vencer. Talvez fracasso seja isso: aceitar com mansidão as tantas respostas prontas que ignoram o que realmente deveria ser questionado.

A maioria dos meus sonhos não são para a realização. Sonho como quem não quer a imaginação refém da ambição; como quem quer se ver desobrigado da realidade.

Só se ilude com o brilho da lua quem confunde luz com reflexo.

Ser feliz não é rir em tempo de dor. Felicidade é poder sofrer, sem ser obrigado a engolir o choro nem fingir ser o que não é. Feliz não é quem vive em alegria, é quem vive em liberdade.

A lágrima de felicidade ara o chão da vida para plantar lembrança e colher saudade.

Não olhe para o céu lamentando não voar. Olhe para o chão e valorize os seus pés. Quem lamenta muito o que não tem esquece de amar o que já é seu.

Embaixo das unhas, terra
Tudo que sobrou de você
Da noite que cavei seu peito
Atrás de memórias para beber
A boca seca de saudades
O mau hálito da má digestão
É difícil engolir um fantasma
Com o nome da minha ilusão
Já saciado pelo sofrimento
Parte da terra comi por gula
O resto do peito nas unhas
Meu terrário de amargura

Todo mundo sangra, mas nem todo mundo vale o preço do seu sangue.

Lucas Lujan
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