Acredito que sabedoria seja o acúmulo de lições extraídas e praticadas a partir das experiências da própria vida ou de outros; e acho que ninguém teria mais a acrescentar (se falasse, é claro) do que um ponto de ônibus. Afinal, ele já viu de tudo.

Quantas vezes ele já presenciou um daqueles sujeitos desajeitados que perdeu o ônibus porque chegou atrasado. Uns excederam o horário no trabalho e outros perderam entrevistas de emprego.

Ele também é um confidente e tanto, pois nunca passou adiante as fofocas que ouviu, diferente das velhas que por lá já passaram. Essas maldosas de língua, estão ali, sempre difamando os outros. Talvez seja uma forma de diminuir o fedor da própria vida.

Mas nem só de cheiros desagradáveis vive um ponto de ônibus. Muitas vezes ele têm as “narinas” acariciadas pelo aroma do amor. Quantos beijos sinceros de despedidas ele já não presenciou? Pois é… vários e inúmeros.

Além de ver e farejar o amor, o ponto também já aprendeu muito sobre assuntos racionais e científicos. Há sempre um estudante sentado em seu colo estudando algum assunto para a prova. E pode ser qualquer coisa: Bondenave, Piaget, Vygotsky, Recuero, Adorno, Freud ou Schopenhauer. Conhecimento é o que não falta.

Agora pare e pense: você, assim como o ponto, pôde presenciar atrasos, ouvir fofocas, ver amores e aprender por tabela. Então não se atrase, viva os amores, pratique o que o terminal de ônibus não consegue e não leve fofocas adiante. Manifeste a sabedoria adquirida!

Matheus Gomes
Jornalista
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