A grande covardia dos cristãos da atualidade não consiste em ter ou não a coragem de aumentar o volume do microfone e gritar bem alto as doutrinas que acredita, as crenças que possui ou rotular ao inferno aqueles que discordam de si (fazendo-se assim discípulos exemplares dos fariseus que percorriam céus e terras para fazer um prosélito), mas sim, essa covardia se vê na indisposição de levar a cabo a encarnação do amor dando concretude à mensagem primordial do evangelho. Deus é amor e quem ama conhece a Deus. Nesse sentido, a maioria se esconde, foge pela tangente, recorre à saídas astutamente construídas por sua teologia que há muito se afastou do Cristo. Ou nos mais sinceros, atribuem a prática do amor apenas aquilo que fazem domingo após domingo dentro do serviço eclesiástico, concluindo ser isso a única dimensão para a qual o amor deve ser oferecido. Jesus nos chama a lavar os pés uns dos outros, inclusive do traidor Judas, mas a gente quer ser servido ou no máximo queremos servir a quem nos faz bem. Jesus nos chama a negar a nós mesmos, mas nos apegamos aos próprios caprichos de um jeito tão doentio, que passamos a justificar nossas vontades dizendo que elas são a vontade de Deus. Quando Jesus disse: quem me negar diante dos homens eu o negarei diante de meu Pai, ele não está falando de uma fé que consiste em meras palavras pronunciadas da boca pra fora. Há muitos que confessam “Senhor, Senhor” com os lábios mas, cujo “coração” está longe Dele porque “não fazem a vontade do Pai que está nos céus”.

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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