Sem palavras! O terceiro episódio da última temporada de Game of Thrones arrancou suspiros em todos aqueles que são aficionados na série. Pra não dar spoiler, quero focar apenas em uma fala do episódio, quando Elisandre conversa com Arya Stark, num momento de muita tensão e perseguição, e Elisandre diz: O que dizemos ao deus da morte?, ao que Arya Stark responde: Hoje não!

Há uma sabedoria implícita nessa declaração que vale muito a pena pensá-la e aplicá-la! Substitua a ideia do “deus da morte” por erro, pecado, maldade, rancor, preguiça, mentira, violência, injustiça, pornografia, drogas, vícios, rixas, disputas, melindres, vitimizações, e perceberá que, é na dimensão do “hoje” que nossa decisão precisa estar focada. Eu não posso garantir que jamais cometerei um mal, mas posso decidir não cometê-lo hoje (com a graça de Deus)!

Dependendo das circunstâncias, das pressões, do conjunto de problemas que estiver enfrentando, pode ser que tenha crises, caia em depressão, passe por momentos complexos e de inconstância (no futuro), não dou conta de garantir minha fidelidade ao bem e ao amor por toda a vida, mas posso fazê-lo na dimensão do hoje e do agora, pois afinal de contas, essa é a única dimensão com a qual posso lidar objetivamente.

Traçando um paralelo com a oração que Jesus ensinou a fazer, ele reconhece que há um pão necessário a cada dia (e que portanto, essa necessidade contempla o futuro, até a morte), mas ele pede especificamente pelo de hoje. Ao deus da morte cabe dizer, hoje não! Às dimensões mais obscuras da nossa carnalidade, resta-nos dizer, hoje não! Aos impulsos mais maldosos das nossas ambições egoístas, resta-nos dizer, hoje não!

Jesus disse ‘hoje não’ a muitos que tentaram prendê-lo antes do tempo oportuno. Não apenas isso, ele também disse ‘hoje não’ aos que tentaram torná-lo rei (politicamente falando) à força. Queriam transformar Jesus numa espécie de Davi, para livrar Israel de seus gigantes (Romanos). Jesus sabia que não era o tempo disso, e que sua intervenção final não seria naquele momento.

Paulo também escapou como pode das mãos daqueles que queriam matá-lo, apelou a César, e por amor disse ‘hoje não’ muitas vezes à morte em favor daqueles seus irmãos na fé distribuídos por todas aquelas cidades tão mencionadas nas cartas aos Coríntios, Romanos, Gálatas, etc.

No contexto da ficção, entregar-se aos White Walkers, era desistir de lutar, era entregar os pontos, era permitir que o mundo dos vivos fosse governado pelo mundo dos mortos e a recusa dela a se entregar a esse governo foi essencial ao fim dessa batalha (sem spoilers). É possível que, voltando para o mundo real, nossa persistência no fazer o bem, no amor e caminhada na luz, seja decisiva para a história eterna de nossas vidas; já que aquele que perseverar até o fim será salvo e já que Paulo só concluiu que havia uma coroa preparada a ele,  por ter combatido o bom combate, acabado a carreira e guardado a fé.

Como será o fim da saga Game of Thrones? Não sei e estou ansioso para descobrir. Mas, qual será o meio e o fim da saga de nossas vidas? Me parece a pergunta mais importante da existência!

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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