Três subidas e três aterrissagens na ida e o mesmo na volta. Exposição total ao céu e a terra, ao perigo de partir e ao perigo de chegar. Pare um instante, olhe as nuvens. Esqueça os motores, o destino, a agitação do lado de dentro da aeronave, as possibilidades de desastres fatais. Fixe naqueles amontoados de algodão, doces lembranças, condução imediata à infância.

A gente sempre olha de baixo pra cima, agora a gente pode ver de cima pra baixo. É como se colchões macios e deliciosamente confortáveis estivessem espalhados pelos espaços do ar. Quem inventou isso é verdadeiramente um Mestre. Pode ser que chova por baixo delas, raios e trovões estrondem pelo céu, e os homens se aflijam procurando segurança e abrigo, mas acima dessas mesmas nuvens reina a calmaria, sem nada a temer.

Existe sempre uma dimensão de silêncio e paz em meio ao grito e ao estardalhaço da tragédia e do caos. Pode não parecer fácil admitir isso, tampouco seja simples encontrar essa realidade, mas há! Afinal de contas, não esteve Jesus dormindo tranquilamente enquanto o barco era fortemente açoitado por ondas violentas? Porventura não chamou ele a atenção dos discípulos, conclamando-os a uma fé mais intensa, profunda e confiante? Creia, descanse em confiança e desfrute da paz…

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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