O problema não é você votar no Bolsonaro, ou no Haddad, o voto é seu, você vota em quer, ou faz como eu, não vota em ninguém. O problema é você ser invasivo, insistente, inconveniente, chato mesmo. O problema é você me enviar seus vídeos, seus links, seus textos, suas fotos, suas “verdades”, sua opinião, suas passagens bíblicas, mandar outras pessoas me enviarem também suas publicações, gente que eu não sei quem é, e tudo isso sem eu ter lhe pedido, absolutamente, nada disso.

Você me manda uma enxurrada de informações que eu não quero, não preciso receber, envia pelo in box, tenta publicar na minha time line, manda pelo Whats App, pelo e-mail, pelo Messenger, e eu, sequer, leio, mas tenho que ter o trabalho de, todo dia, deletar. Ora, por que você não me manda flores, ou uma tapioca, por que não me manda um abraço, ou suas orações, até mesmo por que você não manda que eu vá à merda? Nesse último caso, isso me molestaria menos, pois seria uma única vez! Acredite, eu já decidi sobre meu voto, será que isso é difícil de entender?

Você tem ideia do que é receber mais de 1.000 importunações deste tipo todo dia? Eu sei que você acha que eu sou morno, que eu sou covarde, que eu sou irresponsável, que eu estou me esquivando, que seu candidato é o melhor de todos, que suas ideias são irrefutáveis, que sua opinião é a única verdadeira, que seu ponto de vista é inquestionável, que suas publicações são “da hora”, mas você precisa entender que eu não penso igual a você, e que eu posso fazer isso, e que você pode, também, me respeitar no que diz respeito a posição que eu abracei.

Você já me exortou, me injuriou, me xingou, me detratou, já falou sem pensar, sem me conhecer, mas eu perdoo tudo isso se você se contentar com o que já fez. Assim, mesmo sabendo que você não vai deixar de me perturbar, mesmo sabendo que você continuará a fazer tudo o que condenei acima, quero que você entenda que eu precisava publicar isso aqui, ao menos, para que eu tenha paz na minha consciência em saber que eu tentei fazer com que você me deixe em paz, ainda que você não queira, nem de longe, saber de nada disto.

Esse apelo não é para todos, apenas para alguns, se fosse para todos, cancelaria a internet dos meus aplicativos, jogaria o celular fora, me mudaria para o sertão de Pernambuco, sem fornecer o endereço para ninguém, pois você ainda poderia me alcançar pelos Correios, e só voltaria a vida normal depois do dia 28. Ainda assim, eu sei, correria o risco de você contratar um detetive e me achar.

Carlos Moreira
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