Introdução – “Minha Fé se Discute”

Mesmo correndo o risco de ser, logo de início, rotulado de desertor, desigrejado, desviado, pagão ou coisa do tipo, em nome da honestidade e da transparência eu preciso deixar claro, o quanto antes, que: já fui católico e, também já fui evangélico, mas não sou mais, nenhum dos dois.

Você poderia me perguntar: Então você é um ateu tentando desconstruir a fé cristã lutando para disseminar o ceticismo no mundo? Também não! Longe disso. Embora eu não possa negar que tenha me tornado ateu de certas crenças pregadas tradicionalmente como sendo cristãs, e que foram transformadas em tradição e cultura religiosa, ao mesmo tempo, não posso deixar de afirmar que me sinto e me vejo mais discípulo de Jesus hoje, do que em qualquer outro período da minha história de vida!

Embora hajam trechos desse livro que possam ser aplicados, vez ou outra, à diferentes tipos de crenças e religiões, é preciso explicitar que ele fala especificamente da fé cristã e em particular da minha experiência de fé cristã.

Talvez você seja um cristão que se sente bastante confortável com sua experiência religiosa e, prevejo que, no decorrer da leitura pode ser que você se sinta um pouco incomodado, em alguns momentos, pelo fato de que tratarei de questões delicadas advindas de algumas de minhas crises pessoais com minha própria fé e religião que podem ou não coincidir com alguns de seus questionamentos e crises.

E digo mais, pode ser que isso instale em você uma nova questão, um novo problema a ser resolvido por você mesmo diante do evangelho de Jesus, uma nova ideia que te faça no mínimo repensar sua própria fé sob outras perspectivas antes não exploradas por você.

Mas, para tentar deixá-lo mais tranquilo peço que não se preocupe, pois todos os assuntos serão tratados aqui com muita responsabilidade e verdade, na consciência de que darei conta de cada uma delas diante Daquele que sonda as mentes e intenções do coração! Eu sei que a fé de cada um deve ser respeitada, pois fazem parte do direito à liberdade de expressão, de decisão e de pensamento, e a minha reflexão é somente para com aqueles que se permitem ser transformados pela renovação do jeito de pensar. Quanto aqueles cuja fé está pronta, perfeita e selada, receio que não tenho como lhes ser muito útil.

Ao dedicar tempo a esse livro você não vai estar diante de uma lista interminável de reclamações que só visam destruir a religião cristã sem apresentar uma alternativa ao que está posto, nem me proponho a expor os intestinos da religião da qual eu fiz parte como uma forma de vingança pessoal cheia de ressentimentos pelo mal que me fizeram, tampouco é uma tentativa de convencer você à aderir a uma nova ramificação religiosa que estou inaugurando a partir de agora (Deus que me livre!).

Eu diria que esse livro é, antes de tudo, um registro das transformações que ocorreram em minha fé ao longo dos anos até o atual momento e, também, uma tentativa de provocar em você, caro leitor e leitora, o desejo de repensar a sua fé em Jesus justamente para aprofundá-la e aperfeiçoá-la.

Afinal de contas, fé se discute, pelo menos a minha fé, sim! Pois a fé tem seus pressupostos, e os pressupostos possuem um certo nível de razoabilidade e verificabilidade, ainda que, às vezes, isso se resuma a repensar a interpretação que se dá ao texto que usamos como base para a nossa fé ao longo do tempo. É nesse nível que quero me ater.

Quando se fala da fé em Jesus, me parece elementar e óbvio que, Ele mesmo deva ser essa base, o dogma, a régua, o filtro, a verdade, a chave, a essência, o Mestre, o Senhor, o paradigma e a pedra angular sobre o qual todos nós (seus discípulos), em nossas crenças e valores, precisamos nos aprumar diariamente. O contrário disso não faz sentido! E é sobre seus ensinos que os pilares dessas reflexões serão erigidos, ainda que de vez em quando, eu recorra aos salmos, aos apóstolos e a tudo quanto nas escrituras (ou fora delas) convirjam ao espírito do pensamento de Jesus.

Se há algo que cremos e que não se harmoniza com o que foi ensinado por Jesus, das duas uma: precisamos assumir nossa incoerência existencial (com arrependimento e humildade pra mudar) ou, numa demonstração de honestidade virtuosa, confessar o fato de que não somos seguidores de Jesus. Se for, esse último, o caso, talvez nunca tenhamos ultrapassado o nível de simpatizantes, ou seja, pessoas que até gostam de algumas de suas mensagens, frases e ações, mas que se restringem a algo bastante aleatório e superficial, sem maiores pretensões, tal como alguém que gosta de uma sessão do jornal e nem lê a outra por achar desinteressante ou mesmo difícil demais. Nesse nível de relação com Jesus, não há comprometimento suficiente para realmente se tornar um discípulo, ou seja, alguém que decide deixar tudo para ir após ele, conforme verificamos no seu chamado universal.

Se você é da opinião de que política, religião e futebol não se discutem, talvez não hajam razões para você seguir em frente, lendo o que escreverei nas próximas páginas. Mas, se você entendeu que existe uma dimensão desses assuntos que estão plenamente carentes de diálogo, questionamentos, reflexões e ressignificações, então esse livro é para você! Espero que a leitura desse compartilhamento de ideias seja tão gratificante pra você quanto a minha experiência de escrevê-las e reparti-la com você está sendo. Boa leitura!


Essa versão é apenas uma prévia, ou seja, não coincide com a integralidade do que será publicado no Livro. Justamente por isso, além do grupo de curadores do livro (pessoas que estão me ajudando a, melhor expressar as ideias contidas nele), gostaria de suas opiniões e contribuições também nos comentários desse post, pelo qual agradeço imensamente!

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Obrigado

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Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

 

2 comentários sobre “Introdução – “Minha Fé se Discute”

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