A impressão que me dá é que o problema maior nem é a legalização ou não do aborto, mas sim a conscientização dos envolvidos nas consequências psicológicas, sociais e físicas tanto da realização do aborto, quanto da recepção de uma criança sem o amparo afetivo por parte daqueles que queriam abortar e acabaram abdicando de realizá-lo (seja pela criminalização do mesmo ou por um ato deliberado da vontade motivado por razões diversas).

Enquanto o país se polariza discutindo a manutenção ou não dessa lei (e o pior, condenando os discordantes de suas posições ao inferno dos rótulos ideológicos), as famílias continuam desamparadas quanto às ferramentas que o Estado poderia prover para maior conscientização e educação dos envolvidos no processo.

Há países que proibindo o aborto, estão combatendo com eficácia o número de gravidezes não planejadas, tanto quanto há países cuja legalização do mesmo é uma realidade, também não estimulam a sua prática como banal (e estão reduzindo igualmente seus índices). Daí vale uma pesquisa sobre como outros países lidam com tal situação e seus efeitos na sociedade.

Por fim, num país como o nosso, em que todo assunto polêmico se torna disputa de “torcida de times rivais”, como no futebol, abordar os prós e contras de determinadas leis é como entrar numa arena do Coliseu Romano, em que uns querem devorar os outros (seus rivais) sem dó nem piedade em nome de suas verdades, sem perceberem que com isso, eles próprios estão se desumanizando no processo e contradizendo-se no seu discurso de “amor”.

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz