O Altar do Nosso Coração

Existe uma instância interior que é onde nosso verdadeiro eu se manifesta: o altar do nosso coração! É onde podem ser verificadas as motivações mais íntimas, as intenções mais essenciais do nosso ser, a devoção mais visceral dentre os desejos mais diversos da vida, é onde Deus ou “deuses” ocupam o lugar que define em nós o que é e o que não é, o que buscar e o que não buscar, o que ser ou o que não ser, o que faremos e o que não faremos.

O autor de provérbios falou disso nesse trecho: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”. Jesus igualmente “matou a charada” quando disse que a verdadeira contaminação da raça humana não se dá por aquilo que a gente come, bebe, mas sim por aquilo que sai da boca (visto que vem direto do coração). É do coração que procedem as ações mais infantis, bestiais, desumanas, insensíveis, banais e preconceituosas. Toda nossa disputa por poder, reconhecimento público, fama, glória, riquezas, superioridade se encontra igualmente nesse lugar. Por isso, só há verdadeira transformação do ser se ela começar a acontecer justamente nesse lugar de onde procedem “as fontes da vida”.

O altar do coração é o que fornece subsídio pro homem tomar decisões e dizer o que pensa e sente. A boca fala do que o coração está cheio e as escolhas que tomamos também deflagram os conteúdos do coração. Por vezes, nosso coração nos leva ao auto-sabotamento, ou seja, enganamos a nós mesmos criando justificativas racionais para tomar decisões “injustificáveis”. Outras vezes, criamos no coração mecanismos viciosos de vitimização, de falsa crença, de condicionamentos psicológicos que, apesar de nos infligirem dor e tristeza por um lado, nos trazem benefícios secundários por outro, nos limitando a uma vida medíocre e dependentes da pena do outro.

Não há espaços para dois paradigmas (“deuses”) no coração. Por vezes, quem define nossa identidade é a exacerbação do nosso próprio eu (acabo me tornando a medida para todas as coisas); há casos em que nomeamos outro ser humano (“ídolo”) como nosso paradigma maior, endeusando-o e tornando-o a regra fundamental por onde edificaremos nossa existência. E dizemos: “sem você eu morro”.

Quando Jesus foi perguntado sobre o maior mandamento, ele de pronto respondeu: Amar a Deus de todo o coração, alma e entendimento! Se Deus habita o altar do coração de fato, isso pacifica a gente de nossas inquietas angústias provenientes da competição, da busca de provar o valor próprio, pois Seu amor traz reconciliação com uma dimensão tão visceral que muito do que acreditávamos ser indispensáveis tornam-se imediatamente “resolvidas” no ser. Você passa a não mais operar sob as mesmas expectativas e sob os mesmos apetites. É no altar do coração que a gente rende nossa existência à fé no Amor e no caráter do Pai Celestial. E quem confia, descansa. Se não estamos em paz é porque ainda não confiamos o bastante!

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Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

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