Falta de Coragem

Todo ser humano que caminha aprendendo precisa ter a coragem de fazer rupturas radicais que delineiam o trajeto de sua história. Quem abre mão de tais decisões vai vivendo deixando circunstâncias e outras pessoas definindo seus passos (o que é muito cômodo pra quem assim permite acontecer). É o famoso “deixa a vida me levar”.

Vamos pensar em 2 rupturas que Jesus fez em seu tempo, que podem nos ensinar coisas preciosas:

  • Jesus embora tenha sido judeu, frequentado o templo de Jerusalém por tradição familiar e cultural, foi alguém que relativizou toda a estrutura organizacional do judaísmo bem como seus dogmas construídos ao longo dos séculos. Esse foi o principal motivo que levou à sua condenação e execução: se tornou uma ameaça a um sistema consolidado, muito lucrativo aos seus líderes e que recebiam sobre si a fama de serem os detentores da verdade de Deus na terra. A verdade deles não foi capaz de reconhecer o Filho de Deus no mundo (ele veio para os seus mas, os seus não o reconheceram).
  • Jesus rompeu com os preconceitos sociais e religiosos de seu tempo: conversou com mulheres estrangeiras e de má fama, valorizou a criança muito além do que ela era estimada em seu tempo, fez-se perto de gente odiada pelos religiosos andando e comendo com eles, não tratou os de maior poder aquisitivo de maneira diferenciada nem exclusiva.

Quanta coragem tais demandas requerem de nós? Especialmente num tempo onde as curtidas, a fama, o status social, a valorização no andar com a maioria e a liquidez do pensamento são dogmas impostos goela a baixo na sociedade, tomar tais decisões de ruptura parece se condenar a uma vida solitária e sob o rótulo social que visa descaracterizar qualquer que seja a visão positiva de nossa imagem e personalidade.

Falta-nos a coragem para enfrentar e pagar o preço pela coerência de uma caminhada sólida, sem nos preocuparmos com o que pensam de nós. Até tomarmos tais decisões sobra-nos a mediocridade, as justificativas convenientes, a conformação com esse presente século e a tentativa de viver um “evangelho light”, como os bons e velhos “bundas moles” da existência.

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Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz

 

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