Eu e minha mania de querer explicar
Explicar me põe no controle
Explicar subentende-se que eu sei
Mas, explicar nem sempre é o caminho
Por vezes, descansar na não explicação
É um ato de sabedoria
Admitir que não entendo, nem entenderei
Só viver, só deixar passar, só experimentar.
As lacunas do conhecimento me enlouquecem
Não sei o que acontece comigo
Tampouco sei o porquê do que houve com os outros
Há coisas misteriosas demais no universo
Cuja tentativa de explicação beira a loucura
Vã especulação, falsa teorização
Admitir que estou diante de algo maior do que eu
Só viver, só deixar passar, só experimentar
Há cenários grandiosos que enchem os olhos
Há fenômenos cuja beleza só descobre quem para e se cala
Há realidades mais profundas do que somos capazes de ver
Mas eu e minha velha mania de querer explicar
Estrago tudo, reduzo o infinito em palavras imaturas
Péssimo hábito, terrível manifestação
Basta dizer “não sei”, mas sigo adiante
Basta reconhecer “sou pequeno”
E deixar que tal grandiosidade me mergulhe em seu significado que supera as palavras
Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
rodrigoaccampos@hotmail.com