A mitificação do sexo entre cristãos

Analisando historicamente o tema sexo nas reflexões dos cristãos, podemos concluir que por um longo período da história da igreja, sexo foi sinônimo de perversidade, pecado e uma afronta a Deus. É como se toda a criação fosse realmente boa (conforme a conclusão do próprio Deus em Gênesis 1), porém o pecado de Adão e Eva afetou substancialmente a sexualidade da terra, mais do que as outras dimensões da vida. Há, inclusive por alguns, a suposição de que o pecado original teria sido uma relação sexual no jardim do Éden.

Daí, falar de sexo sempre foi muito polêmico entre os cristãos, mesmo do sexo no contexto de casamento. Poucas igrejas pregam a respeito do tema apesar de haverem centenas de recomendações bíblicas nessa área e um livro especificamente sobre o assunto. Sem falar que, o pecado na sexualidade é considerado por muitos o pecado mais grave, digno de maior punição. Não há atitudes de correção para os mentirosos, fofoqueiros e soberbos dentro das comunidades, mas os desvios na sexualidade são geralmente punidos com maior rigor. O engraçado (nem tanto) é que as escrituras colocam ambos na mesma posição:

“Felizes os que lavam as suas vestes, para que tenham direito à árvore da vida e possam entrar na cidade pelas portas. Fora ficam os cães, os que praticam feitiçaria, os que cometem imoralidades sexuais, os assassinos, os idólatras e todos os que amam e praticam a mentira“. Apocalipse 22:14,15

É nessa postura de “pecaminização” do sexo que muitos preferem ler o livro de Cantares de Salomão alegoricamente, como se ele não fosse um tratado celebrativo ao amor e ao sexo, e essa “pudicícia” religiosa distorce a visão acerca de uma das coisas que dão prazer ao homem e a mulher que se amam, nesses poucos anos de vida, debaixo do sol.

Portanto, vá, coma com prazer a sua comida, e beba o seu vinho de coração alegre, pois Deus já se agradou do que você faz. Esteja sempre vestido com roupas de festa, e unja sempre a sua cabeça com óleo. Desfrute a vida com a mulher a quem você ama, todos os dias desta vida sem sentido que Deus dá a você debaixo do sol; todos os seus dias sem sentido! Pois essa é a sua recompensa na vida pelo seu árduo trabalho debaixo do sol. Eclesiastes 9:7-9

Quando a sexualidade é envolvida por significados sujos e pecaminosos, ela não é desenvolvida em suas possibilidades de prazer e celebração por aqueles que a vem com essas ressalvas. É por isso que muitos, apesar de casados, vivem como se fossem castrados na sexualidade (monótonos, cheios de medo, se sentindo culpados por sentirem muito prazer e neurotizados pelos tabus da religião). Tais pessoas passam a aparentar uma relação ideal com seus parceiros perante os outros e jamais tocam no assunto da sexualidade (por pior que tal relação esteja) justamente para não serem punidos com avaliações negativas pelos outros. Criamos então o mito de que “se estamos casados, logo vai tudo bem na sexualidade”, ou ainda, “se estamos casados, espontaneamente, a demanda da sexualidade estará resolvida”.

Quantos adolescentes que lidam com as pulsões naturais da sexualidade como se fossem essencialmente uma tentação do Diabo? Quantos casais se restringem a sua própria zona de conforto na sexualidade, perdendo o interesse sexual e pensando que não há formas de proporcionar ao outro mais alegria e satisfação sexual?

Quais são os mitos, que você identifica, a respeito da sexualidade que tem se estabelecidos por causa dessa visão de que o sexo é em si mesmo pecaminoso?

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rodrigo campos biblioteca
Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
rodrigoaccampos@hotmail.com

 

2 comentários sobre “A mitificação do sexo entre cristãos

  1. Tudo que a religião faz é isso mano, macular o que nos foi dado para nosso prazer, e satanizar para por cada vez mais pessoas no inferno, fantástica explanação, graças a Deus que nos libertamos dessas amarras da meretriz religiosa atual!!!!!

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