Eu não tenho méritos para tomar a Ceia do Senhor, não me habilito a tal, mas ele me franqueou, não sou digno, mas ele me justificou, não mereço, mas ele me prestigiou. Se a Mesa for do Senhor, como afirma as Escrituras, então, todo aquele que crê no seu nome e o confessa com atos de bondade e justiça no chão dos dias pode participar, livremente, da Festa do Perdão. Agora, se a mesa é da Assembleia de Deus, dos Batistas, dos Presbiterianos ou Metodistas, dos Católicos Romanos, ou seja, se a mesa é confessional, se é mesa para “escolhidos”, para “santificados”, mesa da diferenciação, mesa da exclusão, mesa dos “bons costumes”, mesa da alta costura religiosa, que faz medição da alma dos homens, mesa dos operários da fé, que se afadigam em trabalhos meritórios para fazer jus a salvação, então, nem você poderá participar, nem eu recomendo que participe, caso seja esse o espírito. Portanto, pegue pão e vinho em sua casa, junte a família, os amigos, e todos aqueles que desejarem cear, tendo a paz como árbitro no coração e a vontade de comungar com todos os homens. Se há esse entendimento entre os presentes, de que a Ceia é ato simbólico que representa remissão de pecados e salvação, mas que só ganha significado concreto se os elementos cúlticos se transubstanciarem na materialidade de atos de misericórdia e amor pelo outro, que está ao meu lado na existência, então toda casa é igreja, toda mesa é altar, todo pão é Corpo, todo vinho é Sangue, todo homem é meu irmão e o Espírito de Jesus estará em vosso meio. E se alguém lhe perguntar com que autoridade você faz estas coisas, responda que foi Jesus de Nazaré quem lhe franqueou esse direito. Se acharem ruim, diga aos queixosos que se entendam com ele…

Carlos Moreira
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