A prática comunitária #5 – Minha Igreja

Gostaria de pensar com você quais os desdobramentos práticos da afirmação de Jesus de que ele edificaria a “sua igreja”. Parece apenas um detalhe sem tanta relevância, mas não é. Jesus sempre soube que nós somos bastante atraídos pela ideia de controle, posse, manipulação, poder, tanto é que ele ensinou:

“Os reis das nações dominam sobre elas; e os que exercem autoridade sobre elas são chamados benfeitores. Mas, vocês não serão assim. Pelo contrário, o maior entre vocês deverá ser como o mais jovem, e aquele que governa como o que serve. Pois quem é maior: o que está à mesa, ou o que serve? Não é o que está à mesa? Mas eu estou entre vocês como quem serve”. Lucas 22:25-27

Se formos coerentes com o ensino de Jesus teremos que admitir: a igreja não é nossa, nem é nosso o objetivo de guiar a igreja de Jesus, tampouco fomos chamados a sermos absolutos na relação com aqueles que se submetem a nós, de alguma forma. Os nascidos do Espírito são como o vento; é possível exercer controle sobre o vento? Não somos nós que o movimentamos, mas sim o sopro de Deus!

Jesus disse também que as suas ovelhas conhecem sua voz e a seguem. Nós fomos chamados apenas a reproduzir o que de Cristo recebemos: seu ensino, seu amor e seu modo de viver! Não estamos na terra para promover a nossa visão pessoal sobre a igreja, tampouco para fazer discípulos de nossas ideias (ainda que sejam úteis e inteligentes), Jesus disse: “E indo pelo mundo, anunciem as boas notícias a todas as pessoas, mergulhando-as em nome do Pai, Filho e Espírito Santo, instruindo essas pessoas conforme tudo o que eu lhes ensinei“.

A maioria dos líderes e das religiões diriam que estão fazendo isso, mas não é isso que se vê na prática. Há muitas adições de ensino, mistura entre Novo e Antigo Testamento, adesão àquilo que “traz resultados visíveis” e há muito pouca abertura a críticas, reconsiderações e reorientação da rota comunitária.

Portanto, nossa missão e visão em relação à igreja não pode ultrapassar a simples obediência e transmissão daquilo que Jesus ensinou, sem modismos, sem invenções mirabolantes, sem criarmos mecanismos de controle e manipulação das pessoas.

Se a igreja é Dele, então devemos aceitar e acolher todos aqueles que Ele redimiu, sem fazermos perguntas, nem considerações, nem criarmos condições. A imposição de frequência, ofertas, inserção nos programas eclesiásticos, condicionamento da saúde espiritual à absorção da visão do líder ou mesmo à obediência irrestrita são alguns exemplos do quanto modificamos o ensino de Jesus.

Acusaram-me de estar fora da visão e desviado, ao que respondi: Sim, eu confesso! Estou fora da visão da mercantilização do Evangelho e desviado do caminho da prepotência religiosa, estou fora da visão de acreditar que Deus é evangélico e desviado do pensamento de achar que ele só salva os do templo, estou fora da visão da profissionalização do ministério e desviado da negociação da fé. Sim, eu confesso com sinceridade, que estou completamente fora da visão e desviado! Gilberto Chagas

O caminho de Jesus deve ser o nosso caminho como comunidade. Ele foi chamado de amigo dos pecadores e cobradores de impostos, nós também seremos assim pejorativamente chamados. Ele foi odiado por quebrar paradigmas e trazer à consciência valores mais elevados, nós também seres, se vivermos conforme o Mestre. Ele foi crucificado pelos religiosos de seu tempo por viver de forma livre em relação às imposições religiosas, que consistiam em regras feitas por ensinos de homens, nós também seremos se assim procedermos.

Se a igreja é Dele, não precisamos (nem podemos) criar metas e estatísticas de alcance de pessoas, nem deveríamos relacionar o “sucesso” do grupo à adesão ou não de pessoas novas à comunidade. Já conheci pessoas que, apesar de serem sinceras e puras nas intenções, acabaram caindo na mesma mentalidade paganizada de tentar fazer da “igreja” uma forma de satisfação de seus projetos pessoais, inclusive de afirmação de seu próprio valor pessoal. Querem auditórios lotados para se sentirem influenciadores e relevantes; buscam a construção de um império pessoal que, apesar de haver um discurso de “estamos querendo a vontade de Deus”, na prática não passa de a implantação do seu próprio circo de vaidades.

“E aí fica essa guerra de siglas, essa guerra de CNPJ, essa guerra de emblemas, essa guerra de bandeiras do tipo ‘vem pra cá que aqui isso… vem pra cá que a gente resolve aquilo…’, que é o que está no mercado religioso, porque eles todos assumiram de que a igreja é deles, e abandonaram essa fala do Senhor de que o que ele estava criando era algo Dele, ‘edificarei a MINHA Igreja'”! Carlos Bregantim

Quais outros desdobramentos do fato de que a igreja é de Jesus, que você poderia citar? Deixe seu comentário. Vamos discutir melhor esse tema e melhorar o entendimento a respeito disso.

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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12 comentários sobre “A prática comunitária #5 – Minha Igreja

  1. Vlw amado!!!
    Bem explanado o assunto, graças a Deus pelo entendimento que te dá, que Ele seja sempre contigo!!!!!!
    Abraços fraternos irmão!!!!

  2. Creio, em minha limitação, que o grande X da questão, são as inversões de papeis entre a IGREJA e a instituição. No momento que deixo a marca da instituição e todos os seus dogmas e visões regerem o prisma da minha vida, eu deixo de ser IGREJA.
    A Igreja noiva, menina dos Olhos de Deus. Cuidada, salva e guiada sem medidas.. Ou melhor, a medida do sangue e do sacrifício do CRISTO, filho do Deus Vivo.
    Ele nos sustenta, nos rege, nos basta. É o nosso CAMINHO, nossa VERDADE.. e a VIDA na qual devemos depositar a nossa.
    Creio que tudo que foge desse prisma é paliativo, embora seja com o coração mais bondoso e sincero.. tudo que é paliativo é em algum aspecto danoso na caminhada pelo objetivo real.

    Parabéns meu irmão.. e obrigado por tudo.

    1. É verdade, Diego. Quem entra pela Porta, entra e sai e encontra pastagem. Geralmente criamos condicionamentos e dependências rituais que estragam a caminhada, tanto nossa quanto dos que nos ouvem. Abç querido amigo!

  3. Muito boa explanação mano. Muito bom mesmo. Na verdade o que acontece é que a forma simples proposta por Jesus é muito difícil para o ser humano em toda sua vaidade. Por isso toda sinalização do Mestre para o negar a si mesmo. Ali já orientava a única forma de conseguirmos caminhar na vida da Igreja que Ele edificaria. Sem negar a nossa própria vaidade e o nosso desejo humano de sempre de alguma forma aparecer, não conseguiremos nunca nos submeter a uma caminhada simples de serviço no Corpo. Quando Jesus disse: entre vós não será assim, Ele indicava que não veio estabelecer pequenos reinos por aqui e sim estabelecer a Igreja Corpo onde todos somos servos uns dos outros. Num mundo onde se destacar é o alvo, viver a simplicidade da Igreja é um desafio ao ser humano em sua vaidade. Há uma necessidade do homem em aparecer, dominar sobre algo ou alguém, conduzir, e tudo que caminha nesse perfil se distancia do conceito da Igreja estabelecida por Jesus.

  4. Linda explanação mano, vídeo excelente do Bregatin, o fato de seguimos o Mestre, nos tornam Discípulos, se de fato vamos morrer a cada dia faz parte da graça do Criador do Universo, somos filhos bem cuidados, só precisamos descansar e andar.

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