The Dones #11 – Monetizando o Ministério

“Siga o dinheiro!”

Desde o escândalo de Watergate a sabedoria prevalente tem sido descobrir os excessos e as corrupções de nossas instituições mais preciosas. Há algo a respeito do dinheiro, especialmente quando falamos em grandes quantidades de dinheiro, que faz com que as pessoas justifiquem o desvio de sua integridade, tornando o ganho pessoal mais importante do que os propósitos do Pai.

À medida que um número crescente de pessoas estão desiludidas com o abuso e os excessos de nossas instituições religiosas, muitos também têm a consciência crescente de que essas mesmas instituições se desviaram da pureza e simplicidade da devoção a Cristo. Talvez eles não precisem olhar além do fato de que o dinheiro e o acúmulo de riquezas corromperam a autenticidade do Evangelho. Quando alguém ou uma instituição faz o seu sustento a partir das coisas de Deus, é fácil ser seduzido a pensar que obedecer às decisões dessa instituição ou pessoa é o mesmo que servir à obra de Cristo.

E conquanto eu não esteja sugerindo que é completamente errado que as pessoas ganhem a vida com o ministério, não penso que somos críticos o bastante para avaliar o quanto frequentemente nossas melhores escolhas financeiras estão totalmente em desacordo com a forma com que Deus trabalha e assim acabamos distorcendo o Evangelho, mesmo quando afirmamos que estamos seguindo-o. Porque nós temos comprometido a vitalidade do Reino de Deus usando os mesmos modelos comerciais usados por todas as outras empresas humanas do mundo? Quais são as consequências disso?

Será que o dinheiro não é a razão pelo qual criamos uma infinidade de instituições religiosas que estão mais frequentemente preocupadas com seu próprio poder e segurança do que demonstram o amor de Cristo no mundo? Alguns argumentariam que a indústria religiosa que criamos é apenas uma extensão natural das coisas que Jesus ensinou e a maneira de receber sua mensagem no mundo. No entanto, os excessos e as distorções de nossas instituições dizem o contrário e muitos cresceram sem controle durante séculos. É só coincidência que nossas grandes instituições paguem salários exorbitantes para aqueles que estão no topo? Será que podemos justificar o fato de que temos prejudicado a muitos apenas para proteger a integridade das nossas organizações?

No meu último artigo dessa série, concluí que a razão pela qual temos mais reuniões em larga escala sobre a vida de Jesus mesmo sabendo que são as conversas pessoais muito mais frutíferas, é porque não temos um modelo de negócio que se sustente a partir dos “pequenos encontros”. Temos uma indústria para professores cristãos e escritores cristãos que recompensa aqueles que são bem sucedidos em alavancar as vendas e o mercado produzindo dinheiro e influência, mesmo sabendo que essa influência toda, não necessariamente reflete de forma excelente a natureza da mensagem de Cristo.

Jesus nos advertiu que a realidade de seu reino não se mistura bem com a sede humana de dinheiro e poder. A capacidade de qualquer um de nós acreditar em algo, só porque é de nosso interesse próprio fazê-lo, está bem documentada nos testes psicológicos. Não falo aqui sobre pessoas que enganam os outros por dinheiro, mas sim da nossa capacidade de nos convencer de que algo é verdade mesmo não sendo, só para ganharmos o suficiente para fazê-lo. E quanto mais dinheiro está envolvido no processo, mais fácil é enganarmos a nós mesmos e os outros à nossa volta. Isso é chamado na psicologia de dissonância cognitiva, onde justificamos o que sabemos que é errado, porque nos sentimos como se tivéssemos que fazê-lo.

Eu costumava ensinar o dízimo como um mandato do Novo Testamento. Eu cresci com essa convicção e não tive nenhum problema em pregar assim, especialmente quando meu salário era tirado daqueles que me ouviam. Somente quando minha renda não estava mais presa aos dízimos de outras pessoas, eu pude começar a ver que o propósito de Deus na nova aliança não era a obrigatoriedade dos dízimos, mas sim a alegria da generosidade que deveria encharcar nossos corações. Dízimo é um substituto barato, quando enxergamos a verdadeira consciência.

O evangelho como presente

Essa vontade de monetizar tudo, muda a natureza essencial das coisas. Eu vi que os aplicativos do meu smartphone ou site pioram quando seus idealizadores tem como objetivo monetizá-los, em vez de fornecer o serviço para o qual foi originalmente planejados. Quem lembra do Facebook, quando tinha apenas as informações dos amigos, ao invés de apresentar uma infinitude de propagandas e posturas políticas? Nada é melhorado ao monetizar! Na verdade, muitas vezes se distorce a essência quando passa a beneficiar o fornecedor mais do que beneficia o que deveria servir. Em lugar algum isso é mais verdadeiro do que quanto ao evangelho.

Quando Lewis Hyde escreveu sobre os Alcóolicos Anônimos (AA) em seu livro clássico sobre criatividade (The Gift, o presente), ele apontou que uma das coisas que garantem a eficácia  e longevidade do AA é justamente isso: a participação é gratuita e sempre foi. Nada é comprado ou vendido, ninguém ganha a vida por estar facilitando as reuniões. “Os grupos locais são autônomos e atendem suas despesas mínimas – café, literatura – através de contribuições dos membros”. Aqueles que são agradecidos pelo impacto que tiveram em suas vidas, disponibilizam seu tempo como voluntários para ajudarem os outros. Hyde concluiu: “O AA provavelmente não seria tão eficaz, de fato, se o programa fosse entregue através da maquinaria do mercado, não porque suas lições tivessem que mudar, mas porque o espírito por trás deles seria diferente”. Ele afirma que a gratuidade pode ser o agente real da mudança, e que a venda de um presente transformador falsifica a relação entre as duas partes.

Você ouve as palavras de Jesus: “De graça receberam, de graça dai”, percorrendo sua mente? Eu ouço! Como seria a igreja de Jesus Cristo hoje se tivesse seguido o modelo da generosidade e voluntariado do AA em vez do modelo marketing de franquia do McDonald? Mesmo a abordagem dos AA foi corrompida quando as congregações começaram a participar de seu ministério criando posições dentro da equipe e criando itens de prioridade para orçamento. Mesmo que alguns impactos profundos aconteçam nas vidas, muitos começam a experimentar o conflito e a competição na medida em que lutam por posições superiores e por poder de influência.

Parte da razão pela qual temos tantas instituições religiosas diferentes tem a ver com competição por dinheiro e poder. Quanto maiores eles crescem, mais demanda há para proteger e fornecer o maquinário institucional. Os ciúmes e as lutas por poder são o resultado natural e os descontentes começam a se separar. Provamos que somos verdadeiras empresas-igreja quando trabalhamos para atender a exigência dos que mais contribuem financeiramente na comunidade, quando forçamos os pastores a assinarem cláusulas que os impedem de futuramente pedirem indenizações (como o termo de voluntariado). Uma vez que alguém precisa pagar um salário ou os prédios, a tomada de decisões gira em torno do dinheiro e nada distorce a vida de Jesus mais rapidamente do que o modelo comercial, os fluxogramas e a necessidade insaciável de dinheiro. Não é mais um presente. É um grande negócio com muitos dependendo do seu sustento e crescimento. Todo o nosso sistema religioso é construído dessa forma, desde seminários, igreja e até editoras.

Jesus disse que é impossível servir a Deus e o dinheiro. Nós pensamos que podemos misturá-los sem consequência, mas, não se engane, o dinheiro sempre ganha, mesmo entre aqueles que começam com os ideais mais puros possíveis. O dinheiro nos cega em relação à maneira de Deus trabalhar e a necessidade do dinheiro nos pressiona a afazer aquilo que leva a gratuidade para longe de nós. Conheço pastores que pisam em ovos a cada semana, sabendo que não podem pregar honestamente tudo o que deveriam pois isso causaria uma divisão na igreja. Eu trabalhei com uma editora que queria que eu mudasse o conteúdo do livro “He loves me”, pois a liberdade que o livro propunha não estimularia os pastores a lê-lo e a compartilhar isso em seus púlpitos e os editores não poderiam escrever um artigo sobre ele, apesar de terem gostado do conteúdo, eles tinham receio de que aquilo poderia ofender os assinantes e eles cancelariam suas assinaturas. Todos sabemos que mesmo uma queda nas contribuições financeiramente ou no número de ofertantes poderia significar um final rápido para muitas de nossas instituições.

Eu sei que é difícil de entender o que estou dizendo, estando dentro das instituições. Todos pensam que estão fazendo a vontade de Deus, e dão o melhor de si nisso, mas muito raramente consideram o quanto sua necessidade de renda molda suas ações. Eu falei o seguinte, a um determinado pastor, que é muito crítico daqueles que romperam com sua congregação: “Se você pudesse se afastar de tudo isso por dois anos, ficaria chocado com as coisas que você descobriria por não estar mais sendo influenciado pelo dinheiro”. Eu não fazia ideia de quanto os sistemas religiosos que criamos obscureciam minha visão até que eu não estava mais dependente disso. O que foi assustador no começo, acabou resultando em uma grande benção.

Em suma, recebemos um evangelho pelo qual clicamos e pagamos, e o custo disso tem nos levado a perder a vitalidade da vida de Jesus. Os que deveriam ser líderes acabam complicando as coisas para que as pessoas comprem seus livros e participem de seus seminários. Eu ouvi um homem dizer recentemente a um grupo de ministros, querendo aumentar sua renda para ensinar melhor e criar um conjunto de princípios, o seguinte: “Se você pode sistematizar o ensino, você pode monetizá-lo”. Isso explica porque é que temos tantos métodos disso e daquilo e tão poucos dispostos a dar suporte aos outros para seguirem Jesus.

A maioria dos ministérios começa com a questão daquilo que deve ser feito para bancá-lo financeiramente. Desde o início, o dinheiro se torna a consideração primordial, ao invés de focarem no conteúdo da mensagem que eles esperam transmitir. O pastor mais consciente a respeito disso que eu conheço gostaria de ser independentemente rico e não precisar ser controlado pelos conselhos e expectativas dos outros. Eles reconhecem o quanto isso invade a liberdade deles e o quanto isso influencia as suas decisões. Não é que o dinheiro seja intrinsecamente mau, mas a necessidade disso, especialmente no ministério, é inerentemente enganadora.

Ministério de tempo integral

O ministério cristão de “tempo integral” é o sonho de muitas pessoas e ainda mais dentro de um mercado religioso que gera centenas de milhões de dólares em vendas e doações. Para alguns, eles só esperam encontrar uma vocação na indústria religiosa, quer para trabalhar em torno dos cristãos ou na esperança de encontrar propósito e significado. O que muitos não percebem é o quanto de tempo você gastará, gerenciando pessoas, angariando fundos e planejando programas para manter o funcionamento da máquina religiosa e quão complicado pode ser quando outros egos estão envolvidos.

Nem tudo isso é ruim, é claro. Enquanto alguns deles realmente apoiam o trabalho de Deus no mundo, há uma parte significativa disso que funciona contra Ele. Muitos editores cristãos são agora empresas de capital aberto, cujo único objetivo é maximar os lucros para os acionistas. Outros simplesmente passam a criar conteúdo religioso para criar um estilo de vida lucrativo. É uma surpresa que nossas indústrias religiosas funcionam exatamente como suas homólogas mundanas, valorizando as mesmas coisas que eles fazem: tamanho, influência, dinheiro e notoriedade. Quando isso acontece, você pode ter certeza de que nos mudamos do Reino de Deus para um reino de nossa própria criação. O que as pessoas valorizam grandemente é altamente detestável aos olhos de Deus (Lucas 16:15). Podemos ainda falar sobre o seu reino, mas há muito tempo deixamos de servi-lo. Seu reino valoriza a obscuridade acima da virtude, servindo os outros para serem servidos, sejam pequenos ou grandes, flexíveis ou rígidos, acabam seguindo sua liderança ao invés de tomarem decisões melhores.

Não estou dizendo que todas as publicações são malignas ou que vender um livro ou publicar um site em si mesmo desonra o reino. Esta é uma afirmação polarizada, com a qual luto contra. Eu trabalhei para organizações religiosas, possuí uma editora, vendi muitos dos meus próprios livros, todos os quais ajudaram a sustentar minha família. Dito isso, há grande valor para os irmãos maduros terem um tempo livre para ajudarem irmãos e irmãs em seu crescimento e liberdade em Cristo. Isso pode ser uma grande benção mesmo que as armadilhas sejam enormes e não temos o melhor histórico nos últimos 2000 anos, provando que qualquer um de nós pode resistir a essas tentações.

Talvez Watchamn Nee estivesse certo no livro “A vida cristã normal” quando ofereceu um caminho diferente de pensar para aqueles que vivem a partir do evangelho: “Todo obreiro, a despeito de qual seja o seu ministério, deve exercitar a fé para satisfazer todas as suas necessidades pessoais e todas as necessidades de sua obra. Na Palavra de Deus não vemos nenhum obreiro pedir salário pelos seus serviços, nem receber salário. Paulo não assinou contrato com a igreja em Éfeso, nem com nenhuma outra igreja, para receber certa remuneração por determinado período de serviço. Não há precedentes nas Escritoras de que os servos de Deus dependam de fontes humanas para receber provisão de suas necessidades. Nenhum servo de Deus deve depender de agente humano, quer individual quer coletivo, para satisfazer suas necessidades temporais. Se elas podem ser satisfeitas pelo trabalho das próprias mãos ou de renda particular, tudo está muito bem. Do contrário, para obter suprimento ele deve depender diretamente de Deus apenas assim como dependeram os primeiros apóstolos. Se um homem pode confiar em Deus, que saia e trabalhe para a obra. Se não, que permaneça em casa, visto que não tem a primeira qualificação para o trabalho”.

A primeira vez que li isso, me sentia doente. Isso era o que eu sempre temia ser verdade. Eu me perguntava: quem poderia viver desse jeito? Isso é coisa pra Rees Howells, não para Wayne Jacobsen. Com o passar dos anos, no entanto, fiquei absolutamente convencido dessa verdade. Não recebemos uma mensagem de amor para transformá-la num fluxo de renda. O evangelho nunca deveria ser a fonte de vida de alguém; era para criar um mundo livre no amor de um Pai gracioso.

Uma coisa é servir e ensinar pessoas e viver da generosidade que possa surgir dos que provam do seu serviço, já monetizar o ministério, distorcer as Escrituras de forma consciente ou involuntária e explorar as pessoas com culpa para aumentar o fluxo de dinheiro é outra coisa. Quando nosso sustento está em jogo é mais forte a tentação de distorcer o evangelho para fazer isso gerar mais dinheiro. Se nossa dependência estiver Nele, não haverá motivo para distorcer a mensagem para ganhos pessoais, mesmo que alguns dos mecanismos incluam vendas de livros.

Eu não tenho nenhum problema com as pessoas que vivem da renda de seus ofícios, seja carpintaria, vendas de carros, escrita ou ensino. Este não é um argumento contra as pessoas que estão no ministério em tempo integral. É a consideração de que, quando buscamos usar o evangelho como nosso fluxo de renda, o distorceremos ainda que inconscientemente. Você os conhece, porque maximizar as vendas é o seu objetivo, não ajudar os outros a encontrarem sua vida e liberdade em Jesus. Alguns até poderiam trabalhar dentro desses sistema, na medida em que Deus lhes dá oportunidades, mas não podem venderem a si mesmos por causa de suas ambições.

Não é uma estrada fácil de caminhar, e tenho muitos arrependimentos com as decisões que anteriormente já fiz, mas quanto mais eu aprendi a confiar no Pai em relação ao meu sustento, simplesmente colocar as coisas no mundo para abençoar os outros, mais fácil foi seguir minha consciência ao invés de minha viabilidade financeira. Embora eu venda livros, eu também os dou  e tenho recursos gratuitos no meu site para ajudar os outros. Eu viajo às minhas custas e não cobro uma taxa por falar nos lugares. Eu aprendi a confiar na generosidade de Deus e isso fez toda diferença.

Não se trata de mudar o sistema, mas sim de deixar Deus mudar você!

Este artigo vai mudar nossa vista indústria religiosa? Não, e não é por isso que estou escrevendo.

A maneira como transitamos nesse espaço com discernimento é fundamental para o futuro do propósito de Deus no mundo. Para a maioria, essas palavras não causarão mais impacto do que um sopro em meio a ventos violentos, mas estou escrevendo principalmente para aqueles que querem ser uma voz para Deus no mundo, e não para aqueles que simplesmente querem ganhar a vida por meio do comércio religioso. Eu percebo que há muitos escritores, artistas, pastores e professores que preferem ganhar a vida nesta indústria e não estão muito preocupados com a questão maior sobre como sua instituição expressa o caráter de Deus no mundo. Para aqueles que se preocupam com o propósito de Deus em Sua Palavra, espero que você seja cada vez mais sábio, vivendo de forma diferente diante do mercado religioso.

Quando algo no mercado religioso não parece certo para você, olhe para as demandas financeiras por trás disso e cheire o suficiente para detectar se essa demanda está ou não influenciando o que está sendo dito e feito. Como é possível saber isso? Se gerar uma dependência contínua sobre a pessoa por trás disso, se o site é mais sobre a construção de um reino pessoal do que o de Deus, ou se ele oferece fórmulas e princípios em vez de Cristo, não compre. Eles realmente não são tão difíceis de detectar, basta ver se o site está tão cheio de anúncios que parece os adesivos de carro de corrida ou quando prometem algo de graça só para receber em troca seu endereço de e-mail. Há uma generosidade dentro do trabalho de Deus que impedirá que as pessoas usem as mesmas convenções que o mundo faz para construir seus negócios.

Reconheça a diferença entre um homem e uma mulher dotada de colocar luz e vida no mundo e aqueles que estão envolvidos no maquinário do mercado e estão constantemente tentando explorar seu público para maximizar seus rendimentos através de vendas, cliques no site ou cobrando taxas exorbitantes para conferências ou seminários. Parece que eles estão maximizando sua exposição e renda, ou realmente estão procurando maneiras de construir outros? Eles caem na armadilha da indústria de produzir um novo livro todos os anos que não traz nada de novo na mesa? Eles se movem facilmente entre o “mundo da igreja” e o mundo dos negócios oferecendo a mesma sabedoria seja em venda de livros, seja pela construção de sua plataforma ou mesmo fazendo gestão da mensagem como se fosse uma marca de um produto. Quando vemos criações de workshops especiais com sua própria terminologia interna, para que eles possam treinar os outros para fazê-lo exatamente como fazem, é um sinal seguro de que alguém está construindo seu próprio império em vez de compartilhar livremente a dádiva recebida de Deus.

Você pode dizer que o dinheiro o aprisionou no ministério, se você não tiver a liberdade de seguir seu coração sem arriscar sua renda. Eu sei que muitos pastores que ficam no ministério admitem que estão se submetendo às piores situações porque sentem que não são empregáveis fora dela. Se a sua necessidade é ganhar a vida ou pagar contas, você fará um conjunto completamente diferente de decisões do que se você não tivesse que se preocupar com o dinheiro, sabendo que Deus cuidaria de você.

O mundo valoriza bastante as habilidades de trabalho daqueles que estiveram no ministério, e as vezes isso é mais valorizado do que o próprio indivíduo em si. Aqueles que lideraram organizações voluntárias, gerenciaram orçamentos, capacitaram outros e se portam com responsabilidades  são ativos valiosos no mundo dos negócios. Eu vi muitos ex-pastores prosseguirem com carreiras frutíferas e tendo muito mais tempo para o ministério real com os outros do que em seu tempo de total dependência institucional-religiosa. Não enterre sua cabeça no medo de que Deus não possa cuidar de você. Encontre o que ele realmente tem para você e, enquanto você floresce profissionalmente, você também encontrará no ministério maior alegria agora do que no tempo em que ele era um meio de renda pra você.

Para aqueles que querem compartilhar seus dons com o corpo de Cristo além de suas conexões pessoais, separe o seu ministério da sua fonte de renda, pois senão a ânsia de influência e segurança moldará a mensagem de maneiras que você não reconhecerá. Deixe Deus lhe ensinar como ele quer ser seu provedor, seja construindo suas tendas, como fez Paulo, ou num emprego que lhe deixe algum tempo livre para ajudar outros. Se você pode confiar em Deus para providenciar seu sustento e se tornar disponível, faça isso. A prova estará em sua provisão. Eu já vi muitos atravessarem o caminho da falência na presunção de um chamado que Deus não havia dado a eles. Se você tem que ficar em dívida para seguir Jesus, então esse negócio não é dele. Isso não significa que você tenha que abandonar absolutamente tudo.

Eu acho que um escritor deva receber seu sustento pelos seus escritos e um professor pelas suas aulas, porém, apenas se certifique de não manipular as pessoas para obter o que deseja. No entanto, se você já viu alguém mudar de oferecer suas ideias gratuitamente para começar a cobrar por elas de todas as maneiras possíveis, não é uma visão bonita e sua mensagem é torcida. Você pode buscar popularidade ou pode oferecer a verdade, não é possível as duas coisas juntas. Alguns até se vangloriam de criar métodos publicitários em seu site de ministério e até gastam tempo ensinando outros a fazerem o mesmo, e assim se tornam menos úteis para o Corpo de Cristo. Para a maioria das pessoas, aquilo que fazem puramente pelo ministério não é suficiente para trazer o sustento para sua casa. Não é fácil ganhar a vida com os seus dons criativos, seja por escrito, falando, vídeo, música ou atuação. As artes criativas recompensam muito pouco seus artistas. Todos com uma inclinação criativa adorariam tornar sua vocação, em vez de um passatempo, o seu sustento, mas poucos acham oportunidade suficiente para fazer isso. Torná-lo seu trabalho de amor e deixá-lo crescer organicamente, ao invés de fazer falsas promoções e manipulações, é o caminho verdadeiro. Se isso gera oportunidades e rendimentos suficientes para liberar seu tempo, seja grato a Deus, mas a longo prazo, não é sua escolha.

Não procure essas coisas para pagar as contas. Faça o que você faz e veja Deus providenciando seu sustento de maneiras que você não pode nem imaginar. Se você está mais entusiasmado em ajudar os outros do que ser conhecido, há muitas oportunidades à sua volta. Há muito que você pode dar livremente se você não precisa se preocupar em ser compensado por isso.

Deixe a generosidade crescer. Com o tempo aqueles que foram tocados por sua vida podem querer ajudá-lo a compartilhar esse mesmo benefício com os outros. Para mim, esse é o melhor tipo de doação, não das pessoas com quem estou no momento, mas de outros que eu toquei no passado que contribuem em gratidão pelo que Deus fez neles. Em momentos financeiramente críticos no passado, recebemos dinheiro de pessoas que não solicitamos mas que simplesmente se diziam tocados por algo que eu havia dito ou escrito e queriam nos ajudar a compartilhar isso com outros. É incrível como Deus providencia dessa maneira apenas no momento certo, e sem ter que fazer nossa necessidade conhecida. É uma ótima maneira para as pessoas ajudarem a colocar o reino no mundo.

E para aqueles que têm recursos extras para ajudar a espalhar o reino, ajude aqueles que você considera talentosos em ajudar os outros nessa jornada, seja ensinando ou aconselhando e conhecendo-os o bastante para saber que eles são exemplos vivos de uma vida transformada. E não pense que esteja escrevendo isso para que alguma necessidade escondida da “Lifestream.org” seja suprida. Nós honestamente não precisamos disso, mas é uma maneira poderosa de que outros possam ajudar a colocar conversas que importam para o mundo sem ter que criar ministérios e igrejas que tenham uma infraestrutura e prioridades caras, além de participar do reino de Jesus. Não espere até que lhe solicitem ofertas, siga o Espírito enquanto ele o guia.

A liberdade de dar a vida é o coração do verdadeiro ministério. Certamente, abraçar essa liberdade não é fácil e tem uma curva de crescimento longa e íngreme. Confiar sem um relacionamento e e sem seguir seus desejos é meramente presunção. Você simplesmente não pode escolher confiar mais, você só cresce através de um relacionamento aprofundado com Ele. Mas onde você aprende a confiar em Deus para a sua provisão, você estará livre das demandas de dinheiro que o moldarão segundo a imagem e semelhança do mundo. Infelizmente, as instituições não recompensam esse processo, e geralmente contratam homens e mulheres que confiam nos poderes de seu escritório mais do que no Pai que os ama.

Eu estava no ministério vocacional desde o momento em que saí da faculdade. Essa consciência não frutificou em mim até que eu cheguei aos 42 anos onde finalmente comecei a sentir que a ajuda que eu prestava as pessoas não tinham uma relação com o sustento de minha casa. Isso fez toda a diferença. Servir aos outros é um presente. Não há como ganhar dinheiro com isso, então, afaste sua vida disso e veja como sua generosidade irá literalmente cuidar de você.

Então você não terá mais que seguir o dinheiro. você será livre para seguir o Cordeiro onde quer que ele vá.

Wayne Jacobsen
Tradução livre do artigo “The Phenomenon of The Dones” de https://www.lifestream.org/the-phenomenon-of-the-dones/
wayne

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