Megalomania

Nós seres humanos, em geral, somos fascinados pela grandeza! Tudo o que é grande, cheio, numeroso, poderoso nos atrai. Temos uma enorme dificuldade de encontrar sentido nas pequenas coisas da vida, afinal de contas, somos o tempo todo assediados pela ideia do sucesso, e não há sucesso (segundo o que dizem) se não houver grande quantidade dinheiro, poder, capacidades e com isso o reconhecimento e a imputação de importância.

Jesus nos estimula a superarmos nossa tara pelas grandes quantidades e nossa mania grandeza. Vejamos:

  1. O Templo em Jerusalém era o lugar mais venerado pelos judeus, era tido como o “santo lugar”, a casa de Deus. Não era tão suntuoso quanto o templo construído por Salomão, mas ainda sim, tinha um lugar de destaque devido à cultura gerada em torno dele. Veja o trecho a seguir: “Quando ele estava saindo do templo, um de seus discípulos lhe disse: “Olha, Mestre! Que pedras enormes! Que construções magníficas! “”Você está vendo todas estas grandes construções? “, perguntou Jesus. “Aqui não ficará pedra sobre pedra; serão todas derrubadas”. Marcos 13:1,2 Jesus estava instituindo uma nova era, um novo paradigma, e uma das características desse novo tempo seria a reafirmação de que “Deus não habita templos feitos por mãos humanas”, e que “o vosso corpo é templo do Espírito Santo”, “temos esse tesouro em vasos de barro”.
  2. Um segundo aspecto relativizado por Jesus é justamente o mais comum: para alcançarmos o sucesso tão almejado precisamos “acumular bens materiais”, comprar novas casas, novos carros, juntar dinheiro no banco, fazer investimentos, etc. Confira o que Jesus ensinou: “Não acumulem para vocês tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e furtam. Mas acumulem para vocês tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, e onde os ladrões não arrombam nem furtam. Pois onde estiver o seu tesouro, aí também estará o seu coração”. Mateus 6:19-21
  3. Ter o controle de uma multidão de pessoas também é mais uma de nossas taras, e especialmente aqui no Brasil, há milhares de pessoas em busca do objetivo de formar uma grande comunidade em torno de sua liderança. Jesus, por outro lado, quando viu as multidões indo embora por acharem seu discurso muito duro virou para os discípulos, os poucos que sobraram, e perguntou: “vocês não querem ir também?”, além disso, afirmou de forma tácita, que onde quer que dois ou três se reunissem em torno dele, ele estaria presente no meio deles; bastam dois ou três, mas para muitos de nós isso não é suficiente, isso não se adéqua as nossas grandes ambições.
  4. Outro aspecto bastante relativizado por Jesus é a questão da aparência, do rótulo, da visão das pessoas ao nosso respeito. Qualquer megalomaníaco é fissurado por status quo, pela manutenção da reputação. Jesus por sua vez, mesmo sendo chamado de amigo de pecadores, impuro, blasfemo, filho de Belzebu, glutão, beberrão de vinho, e tantos outros adjetivos, ele não se defendia, não tentava provar o contrário, não se guiava a partir daquilo que afirmavam a seu respeito. Como se não fosse o bastante, sempre que ele lidava com seres humanos em estado de “condenação social” (mulheres, publicanos, leprosos e samaritanos) ele os tratava como “humanos”, com misericórdia, graça e bondade, Jesus julgava o coração e não as aparências!

Nós todos estamos constantemente sendo julgados pelo evangelho de Jesus! Se dizemos que somos seus seguidores precisa haver coerência entre o que buscamos na vida e aquilo que Jesus ensinou ser o caminho da vida. O ensino de Jesus desmonta nossa megalomania, a proposta Dele consiste em servir, amar, estar disponível, se importar, proclamar a bondade de Deus de todas as formas possíveis; tudo o que for gerado a partir disso deve ser consequência e não objetivo pré estabelecido. Sabermos que uma só alma vale mais que o mundo inteiro deveria nos fazer valorizar cada encontro humano, cada testemunho de graça recebido, cada oportunidade de influenciar, devemos manter nossa sensibilidade aguçada para perceber a graça presente nas pequenas coisas da vida.

Encerro essa reflexão com algumas outras falas de Jesus e dos apóstolos, que podem nos ajudar a avaliar nosso próprio caminho:

Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas. Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo; e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos. Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos”. Marcos 10:42-45

“Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição” 1 Timóteo 6:9

Tudo o que fazem é para serem vistos pelos homens. Eles fazem seus filactérios bem largos e as franjas de suas vestes bem longas; gostam do lugar de honra nos banquetes e dos assentos mais importantes nas sinagogas, de serem saudados nas praças e de serem chamados ‘rabis’. “Mas vocês não devem ser chamados ‘rabis’; um só é o mestre de vocês, e todos vocês são irmãos. A ninguém na terra chamem ‘pai’, porque vocês só têm um Pai, aquele que está nos céus. Tampouco vocês devem ser chamados ‘chefes’, porquanto vocês têm um só Chefe, o Cristo. O maior entre vocês deverá ser servo. Pois todo aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado. Mateus 23:5-12

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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