Parabéns para mim!
Sou capaz de fazer tudo por mim
Corro céus e terras para fazer minhas vontades
Faço empréstimos
Passo o cartão
Faço biquinho
Me finjo de coitadinho
Atraio compassivos
Meu eu se sente uma “estrela”!

Parabéns para mim!
Faço banquetes pra me agradar
Danone, Nutella, Sorvete
O que dá na telha
O que a lombriga manda
Assumo meu vício por chocolate
Exponho minha queda por brigadeiros
Meu prazer é o meu outdoor
Meu eu é meu grande ídolo!

Quando o necessitado aparece
Não tenho tempo
Sou muito pobre
Estou em crise financeira
Desculpe, não posso ajudar
Abrir mão de minhas “regalias”? Jamais!
Deixar meu eu de lado por alguns instantes? Nem em sonho!
Servir ao invés de ser servido? Nem pense nisso!
Amar o outro como eu amo a mim mesmo? Isso é utopia desvairada!

Avarento? Isso é coisa de rico ganancioso.
Apegado a bens materiais? Políticos, famosos e ricaços têm esse perfil.
O pecado da idolatria? Isso é coisa de místicos e de prostrados diante de esculturas.

Eu? Eu sou só um sofrido homem que está tentando viver a pobreza da melhor forma possível. Não sou como esses aí, ímpios, pecadores, cobiçosos, gananciosos… meus erros são purgados pela minha condição de sofrimento. Nem os consigo numerar, pois os ignoro, mas os erros dos outros são evidentes, são fatais, são capitais, são imperdoáveis!

E quanto a mim? Eu? Ah! Sou um deus! Ainda que seja pra mim!

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz