Redescobrimento da Vida

Até poucos anos atrás, minha vida girava em torno de um determinado grupo limitado de pessoas, que representavam o meu gueto pessoal de convívio e de amizades. Tudo o que eu fazia fora dali tinha como objetivo de alguma forma acrescentar pessoas àquele grupo. As nuances da cidades me passavam desapercebidas, as esquinas, os bares, os points, as praças (especialmente à noite) me eram profanas e inexistentes como possibilidade de acesso. Cultura? Só a religiosa era importante! Aventura? Só dentro dos limites estabelecidos pelas regras do lado de fora!

Pouco a pouco meu olhar foi se ampliando, minha capacidade de deleite da vida foi se alargando, é como se o natural tivesse se tornado, pouco a pouco, anti-natural e agora, nessa nova fase, estivesse voltando à sua origem, mas sob nova perspectiva.

Antigamente meu padrão de comportamento e valores eram determinados pelos meus pais, depois adotei como minha “guru”, a minha religião, e hoje me vejo sendo guiado por uma consciência sempre presente, que ultrapassa qualquer poder de influência (seja de quem for), que suplanta inclusive a mim mesmo quando estes entram em choque, uma consciência que se percebeu habitada por uma espécie de “amor latente”.

Esse amor latente me faz ver tudo ao meu redor com mais pureza, em sua essência, sem moralismos, sem hipocrisia, sem uma ditadura intelectual baseada nas aparências. Se estou diante de um tatuado, pouco me importa a cultura em torno do símbolo, muito me importa o ser humano que está tentando se descobrir como ente na existência; se me encontro com uma prostituta, pouco me importam os rótulos populares e o que os outros vão pensar desse encontro, muito me importa o ser humano que decidiu vender seu corpo por alguma razão, me importa a sua história, me importa o valor intrínseco que cada um possui, o resto é apenas o resto.

Nesse processo de redescobrimento da cidade, das pessoas e dos valores de vida, que outrora se perderam no caminho, acabo me redescobrindo, acabo identificando minha própria essência, e a cada dia, um novo mundo é desbravado tanto dentro, quanto fora de mim. Nada está inerte dentro de mim, é como se um rio de águas correntes fluísse dia após dia, me fazendo mergulhar na experiência de viver com toda intensidade, explorando os potenciais das relações e aprendendo com a complexidade das pessoas em sua jornada pela vida. Minha mola propulsora é o amor que tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta, o amor que nunca falha, o amor que anda de mãos dadas com a fé e com a esperança, e as chama para dançar!

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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6 comentários sobre “Redescobrimento da Vida

  1. Eu gosto muito de ler o que você escreve. E esse texto achei maravilhoso, tão bem escrito e rico em sua sabedoria. Uma òtima semana!!!

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