Meta, Objetivo e Propósito

Minhas definições pessoais indicam que a meta está relacionada com pontos mensuráveis de uma caminhada e dizem respeito a pontos de chegada ou a paradas para avaliação. A meta é o lugar definitivo ou intermediário aonde eu quero chegar. A meta responde à pergunta aonde? O objetivo por sua vez, está relacionado com o que se pretende caso a meta seja alcançada. O objetivo justifica a meta. O objetivo responde à pergunta para quê? O propósito está relacionado com a motivação pela qual se busca um objetivo. O propósito é aquilo que estou imbuído ao me mover alguma direção. O propósito está relacionado com a finalidade, e a finalidade é algo intrínseco à natureza do próprio ser, que age em direção às suas metas e objetivos. O propósito é a programação interior que me coloca em movimento em certa direção. O propósito é a razão por que algo existe ou é feito. O propósito responde à pergunta por quê?

Em síntese, o propósito é algo que vem de dentro, que faz parte da minha natureza e identidade e que naturalmente me leva a buscar algumas coisas em detrimento de outras. Para alcançar essas coisas que estou buscando (objetivos), estabeleço alguns padrões de medida (metas), isto é, maneiras de saber se estou chegando aonde quero chegar. Dando asas à imaginação, podemos trilhar os caminhos de La Fontaine e imaginar que o Vento perguntou ao Fogo a razão pela qual estava derretendo a ponta do cordão, e ele respondeu que estava preocupado em não deixar o cordão desfiar, mas, no fundo, no fundo, gostava mesmo era de queimar. Derreter a ponta do cordão era a meta. Evitar que o cordão desfiasse era o objetivo. Queimar era o propósito, pois o fogo foi feito para queimar. Na moringa sobre a pia da cozinha estava a Água, ouvindo a conversa entre o Vento e o Fogo. Naquele instante, pensou: “Também tenho uma meta: ser bebida até o final da tarde, e um objetivo: matar a sede de alguém, porque para isso existo, esse é o meu propósito: sou Água, fui feita para molhar”.

Conheço pessoas que têm meta, mas não têm objetivo nem propósito. Tratam as metas como um fim em si mesmo. Conseguem alcançar suas metas, mas não sabem explicar a razão por que tanto se sacrificaram. Cruzam a linha de chegada com uma sensação de vazio e não se conformam que o sucesso em atingir a meta não tenha repercutido em qualquer mudança em sua vida ou num mínimo de realização. Essas pessoas, geralmente, vivem de acumulação. Acumulam bens, mas nunca desfrutam de suas posses. Acumulam romances, mas nunca se satisfazem afetivamente. São pessoas movidas pela conquista, e a conquista para elas é um fim em si mesmo. Jamais estão satisfeitas. É o que Schopenhauer resume ao afirmar que “a vida oscila, pois, como um pêndulo, da direita para a esquerda, do sofrimento ao tédio”. Sofrimento, porque há desejo sem posse, e tédio, porque há posse sem desejo. Quem tem meta sem objetivo nem propósito não é capaz de satisfazer-se com sua conquistas, porque as conquistas não podem ser encaradas como fins em si mesmas.

Conheço também pessoas que têm objetivos e propósitos, mas que não têm metas. Não conseguem sair do lugar, pois faltam os passos práticos na direção de seus objetivos. Essas pessoas geralmente convivem com imensas frustrações em razão de desejos não satisfeitos, mas, na verdade, não sabem o que poderia trazer tal satisfação. Desejam conforto para a família, viver um grande amor, ganhar dinheiro, obter reconhecimento entre os pares, mas não conseguem identificar, ao certo, quais seriam as experiências que resultariam na realização de tais objetivos. São pessoas que pensam de maneira abstrata e que enxergam dificuldade em tudo. Diferentemente dos que vivem de acumulação, gente assim vive de ilusão. Têm sonhos sem trem de pouso.

Há também os que têm metas e objetivos, mas não tem propósito. Esses são os mais infelizes. Stephen Covey fala daqueles que subiram a escada do sucesso e descobriram que a escada estava escorada na parede errada, mas de fato, as pessoas que têm metas e objetivos, mas não têm propósito, escoraram a escada em parede nenhuma. Sua peregrinação rumo aos objetivos através das metas não encontra sustentação. Chegam lá, mas é como se não tivessem chegado. Conseguiram alcançar a meta de comprar a casa para realizar o objetivo de dar mais conforto para a família, mas se esqueceram de perguntar se era mesmo o conforto o que traria a todos o senso de plenitude. Essas pessoas não vivem nem de acumulação nem de ilusão. Vivem de frustração. Cruzam a linha de chegada, e caem no vazio, percebendo que a conquista da meta e a realização do objetivo não supriram as fomes existenciais e reais anseios do coração.

Isso explica por que o mundo está cheio de gente infeliz sem saber por quê, ou, pior, gente infeliz que acredita ter tudo para ser feliz. Alcançaram suas metas, mas isso não bastou. Concretizaram seus objetivos, mas isso não satisfez. Realizaram seus desejos, mas isso de nada adiantou. A razão é simples: a felicidade não é um lugar aonde se chega, mas um jeito como se vai.

Ed René Kivitz
Extraído do livro: Vivendo com Propósitos
http://www.edrenekivitz.com/
ed-rene-kivitz

 

3 comentários sobre “Meta, Objetivo e Propósito

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *