O que é Romantismo, afinal?

O que é Romantismo, afinal? Como eu já disse,, foi um movimento literário e filosófico que nasceu na Alemanha em meados do século XVIII e varreu a Europa e as Américas. O Romantismo é um grande lamento com a modernização e seus efeitos indesejáveis. Quais efeitos são esses?

A forma mais fácil de descrever esse sentimento é lembrarmos quando nos sentimos um mero número numa cadeia produtiva, ou quando nos sentimos uma peça genérica nessa mesma cadeia. Já sentiu isso? Se não, é porque você é um daqueles privilegiados, como eu, que trabalham, a maior parte do tempo, em algo criativo e que faz sentido para você. A maioria só ganha dinheiro para sobreviver. Ganhar dinheiro também pode ser uma atividade criativa, mas não é esse o caso para a maioria das pessoas.

O mundo moderno burguês em que vivemos é um lugar pautado pela lógica da eficácia em que todo mundo é medido pelo seu valor “instrumental”, ou dito de outra forma, pelo seu valor “de uso”. Você vale pelo que faz funcionar neste mundo. Idosos hoje não valem nada, apesar de dizerem o contrário. Ficam brincando com computadores e Facebook para parecer parte deste mundo. Claro, os idosos com grana têm seu lugar na cadeia de consumidores de bens de valor. Antes, quando os idosos eram raros, valiam mais: hoje, que são muitos, seu valor está inflacionado, além do fato de que, com o avanço das tecnologias de informação, que eles desconhecem em grande parte, os idosos deixaram de narrar a vida, como dizia o filósofo alemão Walter Benjamin (século XX).

Narrar a vida significa ajudar os mais jovens a compreender a vida deles a partir da experiência acumulada das gerações. Mas hoje geração é coisa da publicidade e suas letras: X, Y e Z. O resultado é que os idosos, na melhor das hipóteses, acabaram virando um “mercado de serviços para idosos”, e estão à margem da sociedade produtiva. Sorte de quem ganha com isso.

Ficou chocado com o que eu disse acima? Sinto muito. É meio feio mesmo, mas o que fiz foi uma análise instrumental do idoso em nosso mundo contemporâneo. Uma análise como essa desnuda o que uma pessoa “vale” para a cadeia produtiva de bens, e um idoso, na maioria dos casos, não vale nada. Imagino que diante disso você erguerá a voz, quase tremendo, dizendo que sua avó é fundamental para você. Sei que você ama sua avó, mas a maioria de nós está perdida entre as obrigações de sobrevivência e a culpa por reconhecer, às vezes com dor, às vezes com menos dor, que a avó ficou para trás.

Luiz Felipe Pondé
Extraído do livro “Filosofia para Corajosos”
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