Reconexões – Introdução – Parte 1

“Ouvi a palavra do SENHOR, vós filhos de Israel, porque o SENHOR tem uma contenda com os habitantes da terra; porque na terra não há verdade, nem benignidade, nem conhecimento de Deus. Só permanecem o perjurar, o mentir, o matar, o furtar e o adulterar; fazem violência, um ato sanguinário segue imediatamente a outro. Por isso a terra se lamentará, e qualquer que morar nela desfalecerá, com os animais do campo e com as aves do céu; e até os peixes do mar serão tirados. Todavia ninguém contenda, ninguém repreenda, porque o teu povo é como os que contendem com o sacerdote”. Oséias 4:1-4

Esse é um texto escrito há mais de dois milênios e meio atrás e você percebe que a leitura dele foi equivalente a algo que pudesse ter sido produzido nessa manhã, para essa época, para esse dia, na descrição da nossa sociedade, de nós mesmos, das nossas doenças pessoais, doenças sociais, doenças relacionais e em todas as áreas; bem como a descrição da nossa desconexão natural e de como a nossa existência produz em todos os níveis uma desestruturação sistêmica. Há uma ecosistemia perversa estabelecida daquilo que é produzido pela mente do homem até aquilo que se materializa como destruição natural.

Essa é a viagem, o processo inteiro se inicia aqui (na mente) e ganha a sua conflagração final nas expressões inclusive materiais atingindo e destruindo a criação e a natureza como um todo a nossa volta.

Quando a gente fala em reconexões a pressuposição é aquela que nos garante que um dia nós já estivemos conectados. Em alguma outra ocasião na história, o que se pressupõe, é que nós seres humanos já fomos infinitamente mais harmônicos em relação ao todo, já tivemos uma relação completamente natural com Deus. Deus era respirar, Deus era pensar, Deus era refletir, Deus era viver, Deus era o próprio ato de existir; era Deus em nós. A integração do indivíduo com Deus era total, ninguém pensava em Deus como sendo um outro distante e diferente, se pensava e se sentia Deus como um outro semelhante; nós feitos à imagem e semelhança Dele, portanto Ele era alguém, não algo; alguém com quem se tinha uma relação pessoal e de amor e os nossos sentimentos, emoções, carinhos, consciência, percepção se entendiam a partir dessa integração.

A mesma coisa, em relação a si mesmo. Não havia nem a ideia de se pensar o ser como departamentos, para serem explicados em nós. O ser era! Não se tinha que dimensioná-lo; não se tinha que criar nenhum tipo de percepção departamentalizada ou estanque, como por exemplo, o homem mente versus o homem corpo, ou a mente racional versus a mente emocional. Nenhuma forma de dicotomia tipo: espírito superior e elevado de um lado, versus corpo inferior e adoecido de outro. Não havia nenhuma tricotomia do tipo: corpo, alma e espírito! O ser era, integrado! Integrado ao Criador, integrado em si, confortavelmente assentado em si mesmo, respirando Deus e sendo respirado em Deus em conforto total. Ao mesmo tempo em que a integração natural acontecia em perspectiva de integração intrínseca do mesmo modo.

Todas as manifestações da criação não eram desconectadas de mim, eu me sabia, me sentia integrado a todas as coisas. Diferenciado praticamente de todas elas na perspectiva de poder olhar, interpretar, pensar e intervir na criação. No entanto, integrado com ela a intervenção nunca seria uma devastação, nem uma depredação, nem uma expropriação, nenhum tipo de ação predatória. Sempre de integração, sempre de jardinagem, de cuidado, de convívio natural de tal modo que pensar em mim e pensar no todo era a mesma coisa, pensar em Deus e pensar em mim era a mesma coisa, pensar em mim e pensar no outro era a mesma coisa, era o mesmo sentir, a mesma continuidade de extensão e naturalidade. Essa é a pressuposição quando se fala de reconexão.

Caio Fábio D’Araújo Filho
www.caiofabio.net
www.vemevetv.com.br
www.youtube.com/canalcaiofabio
caiofabio

4 comentários sobre “Reconexões – Introdução – Parte 1

  1. MEU DEUS!!!! QUE COISA MARAVILHOSA DE SE LER! Quando ele fala “Deus era respirar, Deus era pensar, Deus era refletir, Deus era viver, Deus era o próprio ato de existir”, eu me encontrei! Essa é minha concepção de Deus hoje!

  2. Que preciosidade esse texto. Esses posts Rodrigo, me fazem mto bem; Me forçam a refletir, iluminam meus pensamentos e alimentam o meu coração. Obrigada. Boa Tarde!!!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *