Felicidade

A felicidade não é um estágio alienante, um comercial de margarina, uma caixa só de alegrias, bem-estar e devaneios. Quem diria, na felicidade há pontuação de tristezas também.

Chega um determinado tempo em que aprendemos que felicidade e tristeza não são necessariamente opostas, óleo e água, mas muitas vezes complementares. Um caminho sem absolutamente nenhum tropeço, nenhuma dor, nenhuma relativização, nenhum interromper de planos, cauterizaria nossa sensibilidade de percepção, especialmente porque a esmagadora maioria de nós não vive consciente, mas reage mentalmente a estímulos e impulsos.

Achamos que bem é o que nos afaga e mal, o que nos espreme, e quase nunca consideramos os processos inteiros, os salvamentos do ego, a sensibilização do olhar, o desintoxicar dos sentidos que, de outra maneira, continuariam entupidos por nossas “necessidades” de consumo, prazer e autoafirmação cheia de angústia.

Quer realmente ser feliz? Então, antes de tudo, é preciso aprender a caminhar na ambivalência, desconsiderando o conceito publicitário de felicidade, experimentando a vida como uma dádiva; feliz, grato, humilde, solidário, sabendo que tudo coopera para o crescimento, ainda que alguns dias sejam difíceis.

Flávio Siqueira
www.flaviosiqueira.com
www.radioinverso.com
Extraído do livro: Mensagens que Chegam pela Manhã
flavio-siqueira

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