Separação

De repente, o que era alegria se tornou um fardo
O que antes vibrava ternura se transformou em decepção
Achava que ia durar pra sempre, que ia permanecer intacto
Mas, a vida tratou de desestabilizar, a realidade se mostrou implacável

De repente, o que antes era cheio de fé se mostrou incrédulo
É como se a máscara caísse e o monstro viesse à tona
É possível conviver com sinceros falhos, mas não com demônios disfarçados
Mas, o tempo tratou de descobrir o conteúdo oculto, isso foi fatal

De repente, a satisfação de estar junto deu lugar à crise da falta de sentido
Não encaixava mais, não havia mais sabor, ficou intragável
A sobriedade enlouqueceu, a joia se revelou bjouteria, o inestimável ficou barato
A claridade do dia deu lugar à tempestuosidade da noite, isso desesperou

De repente, a motivação pela essência se revelou relativa, pueril, negociável
O flerte com o medo de perder tornou o barco à merce dos ventos dos mares
Sem direção, sem identidade, sem propósito, sem significado, sem autoridade
A separação se tornou inevitável, não pela incapacidade de lutar, mas pela constatação óbvia de que até para o sacrifício precisa haver certeza de que vale a pena, e não valia!

Rodrigo Campos
Um Caminhante Aprendiz
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8 comentários sobre “Separação

  1. Realidade mesmo. Creio que isso acontece com todos, senão muitos. De fato “há tempo de abraçar e tempo de se afastar de abraçar”.
    Gostei da reflexão, Rodrigo.

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